terça-feira, 20 de setembro de 2011

Vegetar é preciso

"In-cinta", escultura de Rabarama, fotografada por mim

Quem sou eu para contrariar o Pompeu, mas tudo neste mundo cheio de alcatrão, ferro e coisas hediondas nos dita pressas, empresas, compressas, compras ávidas de sonhos, feitos industriosos e glórias para divulgar aos quatro ventos. Tudo muito rápido e muito cansativo. Já dizia o Kundera acerca da importância dos caminhos sobre as estradas, mas insistimos em não querer entender. Falta-nos detenção. Não me refiro à vista do sol aos quadradinhos, se bem que há muitos a precisar dessa contemplação. Refiro-me à necessária paragem, até a um certo “prazer do ócio” (desculpem a tirada literária mas agora lembrei-me do Hesse), que tanto contribui para o nosso bem-estar, para a nossa saúde, para  a incomparável actualização da compreensão e do pensamento. Essas coisas levam tempo. Para sentir, para reconhecer as emoções e para descobrir caminhos. Há que dar uma folga a esta auto-estrada existencial em que pespegaram connosco. Vamos degustar o tempo para que este não nos brinde com o que faz o carcará na canção com o mesmo nome: “Carcará num vai morrer de fome/ Carcará mais coragem do que homem/Carcará pega mata e come”.

Há que soltar para deter. E acho duvidoso que nos detenhamos sem nos soltarmos. Ai o sarilho...

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