domingo, 2 de outubro de 2011

Duluoz, o Vaidoso

Foto de Zim
Acabei ontem de ler Duluoz, o Vaidoso, um dos magníficos livros de Jack Kerouac. Costumo pensar que os meus escritores, pintores, compositores preferidos estão sempre a versar sobre o mesmo tema, ou parecem fazê-lo.

Nesta epopeia de primeira juventude, o autor fala-nos da sua paixão pelo futebol, e do seu talento sem oportunidades na modalidade, das viagens pela América, entre as saudades do Sul e a rendição à loucura de Nova Iorque, da marinha de guerra e da marinha mercante, da amizade e da importância de se haver consigo, do fascínio literário e da sua maior viagem: a da escrita. Escrito em 1967, o livro centra-se nos últimos anos dos anos 30, até 44. É também um retrato de outro tempo, de um certo código de honra quase cavalheiresca entre pugilatos, experiências brutas e alguma sincera ingenuidade. Nunca ausente a candura e a ternura deste Kerouac. O mais presente: a sua inexprimível avidez, no rastro da qual deixa milhas de linhas, metáforas, excertos de vida, fotografias que, rápidas e irremovíveis, tomam o seu justo lugar no nosso álbum dos Amigos Literários (como chamo aos escritores amados), passes, dribles, copos, mágoa e uma doce, muito doce, tangível melancolia, húmida cola emocionante dentre as páginas desta longa carta de Jack. "Onde está ele, esta noite?"

Pude estar com ele em recanto, em recato, a céu aberto, sob o voo dos pássaros.

"(...) onde estou eu, onde estás tu?"

2 comentários:

Pagu disse...

Fiquei convencida. Vou ler. Não entre passarinhas e bucólicas invasões no eucalipto alheio, mas num recanto assim mais a atirar para o areal da Fonte da Telha em fim de época estival.

Onde está ele? Onde estás tu? Onde estou eu?

Ai, sei lá pariga.

Tamborim Zim disse...

kkkkkkkkkkkkk Ai melher...zei lá também? Não é a perdição a nossa rota??