segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Luxo por todos os poros

Le Mépris - Jean-Luc Godard (1963)

E por falar em cinema, aliás, em cinema enquanto arte, ou melhor, em cinema enquanto arte que nos arrebata, deixo por aqui o mítico início de um dos meus filmes preferidos - Desprezo, de Godard. Espampanante Godard, soberbos Bardot e Piccoli, incomparável Casa Malaparte, outra personagem da trama, e a banda sonora luxuosa e impressionante do Georges Delerue. Noutro dia trouxe-a para casa, e é emocionante ouvir o disco porque, mesmo sozinho, não se descola do espírito do filme, parece a Camille (Bardot) entrar-nos pela sala, numa insolência arrebitada, a exigir a nossa exclusiva atenção. A música é também, para além da casa, outra personagem não humana. Não humana, a música? Hum, suponho que isto não seja rigorosamente verdade.

Pode ser o filme mais "popular" do Godard, não sei. Até agora, é o meu preferido das suas aventuras. Naquele lapso de nada em que parece coisa alguma de importante, marcante ou definitiva poder acontecer e quando, ao invés disso, tudo acontece, lá se abre espaço ao desfile do grande Drama, da curva da tragédia, da inelutável metamorfose, ah! Não só por isso mas também por isso amo, amo, amo este filme "totalement, tendrement, tragiquement".


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