sábado, 31 de março de 2012

Uma encantadora declaração apaixonada por Lisboa e um Alfaiate especial

Queridos leitores, certamente os que dentre ustedes habitam os luminosos ares lisboetas já deram por uma campanha de outdoors publicitários que proclama, com um encanto primaveril e cativante " Lisboa sou eu também", "Lisboa foi também isto", etc.. Tenho a dizer-vos que rapidamente fiquei rendida ao bom gosto das fotografias e das mensagens, e ao carinho otimista por esta cidade declarado pelas imagens grandes. Estou com isso. Encanto é preciso, beleza e atenção. Aos transeuntes, às revelações minudentes, ao nosso próximo.

Ontem, ao chegar a casa, tirei da caixa do correio uma revista de divulgação municipal, cuja capa trazia uma fotografia claramente familiar para mim. Fiquei com a revista na mão, ali na entrada do prédio, a tentar lembrar-me de onde a conhecia. Finalmente...a luz. Tinha-a visto num dos posts de O Alfaiate Lisboeta, um dos meus blogs preferidos e que já sigo há algum tempo. Sou fã do talento fotográfico-estético-antropológico-narrativo das histórias fotografas pelo José nas suas andanças pelo mundo, e também dos textos que por vezes as acompanham. Imediatamente relacionei tudo, porque a foto da revista mencionava a tal campanha. Então...Exato: Lisboa enche-se, felizmente, das imagens deste incansável Alfaiate. E percebe-se, percebemos, que é um trabalho de amor. Brindo a isso!

Mais fotos da campanha em http://www.flickr.com/photos/oalfaiatelisboeta/sets/72157629278744900/detail/ .

Tristeza é...

... verificar, com o rigoroso apoio das estatísticas do blogger, que a palavra mais pesquisada nos acessos a este humilde blog é... Dimicina!

Diacho, vou simplesmente alienar-me. Até porque defecar é inegavelmente uma experiência prodigiosa, plena de introspeção e possibilidades. Mesmo.

A Hora do Planeta é sempre Agora

- O melhor apagão das maldades ao Planeta é não nos comerem! Queremos viver.

Pois bem, nada contra a iniciaiva, pelo contrário. Mas se falarmos em dar uma mão, ou duas, ao ambiente, ao Planeta, à Ecúmena, aos presentes e à posteridade, o meu principal contributo sabem qual é? Não como animais. Ao não comer carne promovo, na minha humilde dimensão, uma batalha contra os 18% de impacto do consumo de carne na formação de gases com efeito de estufa (superior ao do impacto causado pelos transportes).

Claro que a minha motivação é essencialmente ética, porque respeito os animais e a sua natureza senciente. Respeitar animais e comê-los não é compatível. O que pensam sobre isso?

No entanto, se nos ativermos, em algum ponto da discussão, ao impacto ambiental, e repercutindo a preocupação e a exortação que especialistas das Nações Unidas já manifestaram, a paragem ou, no mínimo, a séria diminuição do consumo de carne impõe-se às consciências cívicas de quem quer mesmo ajudar o Planeta. Não por uma hora, mas permanentemente, que é o que se impõe.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Paris, o Jet Lag da Primavera e fait divers

Gustave Guillaumet, Une noce arabe à el-Kantara

Muito uma pessoa pensa, muito uma pessoa ideia. A culpa, em última análise, será disto que chamo o meu Jet Lag da Primavera: a mudança da hora (ora oba, oba!), o pólen faceiro, sei lá, o azul e os piu-pius da passarada, tudo deve ter em mim um efeito ainda mais anti-sono-a-horas-decentes. Sucede-me em Março. Não, sucede-me sempre.

Na minha última visitinha à Cidade Luz, registei umas notinhas soltas que me ocorreram em movimento reflexivo. Tais como:

* Degas e os seus nus estão em grande numa exposição temporária do Louvre. Fabulosas damas a tomar banho, antes do banho, depois do banho. Fico presa à tão formosa "lentidão" dos gestos, à placidez com que se limpam, com os corpos luxuosamente reclinados, durante a sua toilette. Penso em como os tempos da arte são diferentes naquelas poses, na magistral imobilidade que nos transporta para outra gestualidade, outra presença; uma visão anti-natural do tempo, ou o nosso íntimo desejo de o emularmos. A arte é, mais que tudo, desejo.

* O que é que essencialmente difere nas obras de arte, qual é o fator que decisivamente capta ou desprende o nosso olhar? Bom, será um conjunto de dados: o tempo para as ver, a disponibilidade emocional, o ambiente das salas, o momento (com tudo isto ou imune a tudo isto quando ultrapassa a condição de estarmos alegres ou tristes ou enérgicos ou apáticos, fazendo-nos transcender limites), a luz do quadro, o contraste, o detalhe, a combinação dos elementos. O tamanho da tela pode ser muito importante, mas também pode não ser. Fiquei fascinada com os quadros do Gustave Guillaumet, que não conhecia.

* O Ocidente enche-se de Ocidente e de Oriente, por vezes desorientando-se nas rotas de tantas pessoas sem raízes, a trabalhar maquinalmente, saturadas de saudades e de um pragmatismo endurecido na esperança de melhorar a vida. Acontece sacrificarem a alegria na prestação de serviços, e a disponibilidade, mas o contrário também. Ocidentais e orientais, retome-se a alegria de trabalhar, servindo, para melhorar o mundo!

* Vejo as pessoas, e não sei porquê no metro isto é tão nítido: desenraizadas, todas, mesmo as nascidas e criadas na cidade. A cidade é o exílio do nosso natural.

Contar um conto é quase sempre aumentar um ponto, mesmo que ínfimo. Verifico-o ao ler o que vos conto. Aqui entre nós, é a verve a ferver e pronta a ser sabor. Sabem que existe um rio Sabor? Que nome lindo.

Radiografia do Amor

- Mamã, Papá, estou aqui!...

Eles são os frutos. Mas também as flores, a perene respiração das sementes. O calor que sai, dadivoso, dos seus abraços, é mais solar do que o sol, e a sua tristeza dói mais do que o mais duro dos cortes. Os seus sorrisos tranquilos instauram, naturalmente, a paz na Terra. Incalculáveis valores - a riqueza que conta. O seu afeto cura e o seu Amor insufla-nos de vida recriada. Incondicional, incomparável Amor. Tangível, suculento, salvífico Amor. Os meus Pais. Amo-os para além da medida e da imaginação.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A ditosa Primavera


Prêt-à-Porter - Robert Altman (1994)



Suede - She's In Fashion

Este je ne sais quoi primavervil, esta brandura dos ares, a mudança da hora que me deixa sempre confusa, sobretudo porque o meu computador pulou duas horas não percebo como nem porquê, enfim, bons ventos me trouxeram novamente esta belíssima canção dos Suede, que desconfio terá sido inspirada na minha pessoa, ora mirem bem a letra. (Bom, talvez fosse mais rigoroso se "she" tivesse a "shape of a tambourine"...cof.) Casamento perfeito? O momento alto, em tom satírico e cruamente feminil, do muito inteligente filme de Robert Altman,  Prêt-à-Porter, que me lembro bem de ver no cinema, e que graciosamente retrata a fantasia e os paradoxos da Moda.

Na Primavera tudo é fértil. U u u....

She's In Fashion (Suede)

She's the face on the radio
She's the body on the morning show
She's there shaking it out on the scene
And she's the colour of a magazine

And she's in fashion
Ouh Ouh Ouh
And she's in fashion
Ouh Ouh Ouh

She's employed where the sun don't set
And she's the shape of a cigarette
And she's the shake of a tambourine
And she's the colour of a magazine

And if she tells you two is one
Then two is one my love
Ah Ah
And if she tells you you should know
Then you should know my love

She is strung out on a TV dream
And she's the taste of the gasoline
And she's as similar as you can get
To the shape of a cigarette

The sunshine will blow my mind
And the wind blows my brain

sábado, 24 de março de 2012

Xô verificação de palavras nos comentários

Camaradinhas, este post da Menina Lamparina  traz um apelo que mereceu toda a minha simpatia e ação. Pois bem, trata-se da seca infinita da verificação de palavras nos comentários. Tudo bem que nos dizem ser muito mais sensato ativar a coisa por causa do bom do spam, mas por mim vou arriscar. Tendo moderação de comentários, espero que não seja problemático, e realmente facilita imensamente o ato de comentar. E quem não gostar de encontrar um novo bitaitinho para moderar que atire a primeira tecla...

É muito simples livrarmo-nos da dita verificação. Basta aceder a "Definições---» Comentários--»Verificação de palavras (escolher Não)".

Então, vão tentar? Não sejam betinhosos...eu já alterei!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Greve Geral - Faço

Expoliados somos todos!

Adiro à Greve Geral por vários motivos, que se condensam num só: contra o desespero. Dos que têm menos, dos que nada têm, dos que são explorados pelos que cada vez têm mais, contra um sistema financeiro de engodo, doente, alienante e causador de inúmeras carências e sofrimento. Contra o despudor.

Pela dignidade e porque, muitas vezes, parar é a palavra de ordem que se impõe.

quarta-feira, 21 de março de 2012

National Footgraphic

- Zim, põe-te a pau!

Tenho andado aqui com uma dúvida teimosa a assaltar-me o espírito. Relaciona-se a questãozinha com o jogo entre o Benfica e o (meu amado) Porto para a Taça da Liga. Certo, o Porto perdeu, o Benfica ganhou. Parabéns aos vencedores. Mas, jóias preciosas de leitores, queiram ilustrar a minha limitada inteleção acerca do seguinte enigma: não é natural que se exprima contentamento, sadia histeria, que seja, quando o nosso clube ganha? Como bem sabemos, o contentamento supõe sorrisos, exclamações retumbantes e prazenteiras, danças exóticas, da chuva, cânticos fervorosos. O que não supõe, certamente, essa desejável disposição de espírito que é a da alegria, é a imperativa necessidade de ofender, escoucinhar, urrar agressivamente contra o adversário vencido, erguer-lhe dedos e mimá-lo com palavrões, desejar-lhe a tortura eterna em infernos para lá de dantescos, em suma, pedir-lhe o couro. É essa precisão ancestral do gesto, na ausência de um pensamento estruturado que permita emitir um discurso válido, assente em vocábulos claramente emitidos em substituição de grunhidos e berros monstrengos. É do corpo, digamos que sai dos nervos o gesto, o manguito, a alarvidade assim corporizada e impante.

Ora parece que foi esta conduta perfeitamente paleozóica e ululante que alguns adeptos benfiquistas de "inteligência emocional" mais subterrânea revelaram no final do encontro. O que nos leva a pensar se o maior prazer da vitória futebolística, para alguns seres mais para Faber que para Sapiens Sapiens, é o do espezinhamento, do achincalhamento, da desfaçatez às mães dos jogadores que confrontaram a sua equipa, e a toda a família dos adeptos da equipa contrária. Para tristezas destas, caríssimos, não há paciência nem justificações possíveis. Seja em que clube for, estas anormalidades tinham de ser banidas, com recomendações gentis de auto-flagelação (contida, embora).

Arreda!

terça-feira, 20 de março de 2012

Back in Lisbon (not in Bahia)...

... e é claro que "teremos sempre Paris"!

Entretanto, leitores cheios de afã, vejam a colaboração de Tamborim Zim (ou eu mesma), com a Ciência Hoje, aqui.

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Diva Esvoaçante

- Preparados pour la pluie??...*

Sei perfeitamente que a distância mói e que a saudade mata. Bom, é uma força de expressão. Estou ciente de que os vossos dias são lírios murchos, as vossas noites, grilos mudos, os vossos internáuticos acessos desprovidos de sentido sem os ecos sublimes desta multicolorida Alegoria da Primaverve. Ah, é quase Primavera. Depois o Verão, e as gentes vestidas sem interesse, afogueadas e com t-shirts básicas. Arghhh.

Até lá, portanto, e porque uma Diva deve desfilar o seu quinhão pelos boulevards, eis-me em muito mini-férias de fim-de-semana alargado. Retenham as lágrimas, e podem ler todo este compêndio da arte do bom convívio desde o início, para enganar a falta que vos farei.

Até breve, diletos, até breve!

*Nem me atrevo a pretender ter um blog chic sem uma foto da Audrey Hepburn!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ruela

Uma coisa vos garanto, perspicazes: o mundo não é uma aldeia, é uma Rua Direita.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Tamborim Zim Entrevista* … Luísa Ribeiro

Luísa Ribeiro

Poeta


“(…) procura o silêncio e quando fores para o papel torna-te insólito e escreve de maneira que não te compreendas quando te releres.”


 TZ - Luísa, grata decassilábico por aceitares este convite! No Quarto 666, do Wim Wenders, o Godard diz que o grande desafio do cinema é mostrar o invisível, o que este realizador considera o incrível, exactamente o não visto. Pergunto-te: como poeta, qual é o teu maior desafio? O que é que te mais urge mostrar num poema?

LR - Grata fico eu ao ser confrontada com esta pergunta inicial. Nem sei sefique a deambular sobre Godard ou mesmo sobre Wim Wenders, ou se vá directamente para o meu maior desafio. Penso que a poesia tem grande alimento na imagem e por isso apetece-me pendurar neste pensamento do Godard. Ora, o grande desafio do poeta não será também dar forma ao invisível? Pois, para mim a poesia canta e lembra o pormenor tantas vezes esquecido e brinca com a sua própria matéria: a língua.O desafio é dizer com contenção, e ao mesmo tempo, ter sempre a simplicidade presente e desorganizar a gramática. Não sei se me urge mostrar algo no poema ou se o poema é que me convida a viver com ele.

TZ - Detive-me na contenção: por que razão te impões conter? Para defenderes a tua identidade mais subterrânea, porque te agrada mais esteticamente, por uma espécie de austeridade (!) espiritual da palavra poética?
  
LR - No poema deixo florescer aquilo que tão bem chamas de identidade mais subterrânea. Aliás, o poema desce aos confins daquilo que mais nos faz diferentes uns dos outros e traz à superfície as nossas inquietações, ou o nosso espanto perante aquilo que é belo e nos faz ir em frente. O prazer da contenção está na possibilidade de conseguir dizer com o menor número de palavras possível.

TZ - Tenho ideia, correndo o risco de ser precipitada, que a tuapoesia incide em estados muito intensos e muito suaves, de gato vagaroso ao sol. Não obstante o que disseste sobre a contenção do dizer, é possível, fácil ou sequer desejável, para ti, exprimires disposições de alma intermédias, quero dizer, entre esses dois estados?
  
LR - Bem, não posso e não quero julgar a minha poesia, mas o que sinto pela poesia, e por qualquer outra forma de expressão artística, é que tudo acontece ou nos picos ou nas catacumbas. As disposições de alma intermédias fazem parte da apatia e é nesse momento que a alma ficadormente e não transmite ao corpo emoção.

TZ - Se te pedisse que me identificasses três dos teu poemas preferidos, quais seriam? Atenção, não têm de ser teus...

LR - Mas existem poemas que não sejam meus?

TZ - Tamborim Entrevista Produções pede desculpa por este indesmentível e lamentável lapso: tens toda a razão. Três dos teus poemas?

LR  - Risos mil, Tamborim. Na verdade, como sabes, é impossível ter três poemas destacados dos outros. Só te poderia adiantar quais os poetas que estão quase sempre à minha cabeceira, mas mesmo assim rodam. Não me posso separar do Paul Celan e nem do Rilke. E tenho alguns portugueses sempre à mão: Nuno Júdice, Daniel Jonas, Casimiro de Brito, Jaime Rocha, Rui Nunes.

TZ - Então na senda de um dos teus predilectos, o que dirias sumariamente a um jovem poeta que te procurasse para um conselho, um indício de chão?
  
LR -  Eu? Pobre de mim. Dir-lhe-ia: lê muito, vê muita pintura, ouve música, anda descalço na areia, sai de casa à hora que os outros entram, procura o silêncio e quando fores para o papel torna-te insólito e escreve de maneira que não te compreendas quando te releres.

TZ - Eh bien! E finalmente...alguma pergunta que não tenha sido formulada nesta entrevista e a que gostasses de responder?
 LR - Deixa cá pensar... Talvez seja mesmo esta pergunta.


* Entrevista publicada anteriormente no meu FB. Obrigada Luísa!

A barrinha lateral repovoa-se...

...com a primeira presença piéria feminina. Mirai meu povo. Tirem os sapatos, saúdem o sofá. Sejam vapor por segundos.

Outros Frutos

Luísa Ribeiro, Outros Frutos

Não é todos os dias que se tem uma amiga poeta, nem uma amiga poeta de uma Ilha entre ilhas, rodeada de versos por todos os lados, sem exceção. Não é ainda, todos os dias, que temos a graça de, ao chegar a casa, termos no correio um presente esplêndido dessa amiga: um livro seu. E muito menos é coisa de todos os dias termos uma amiga poeta, que pontua uma Ilha entre ilhas, que nos envia um livro seu e cujo livro recebe este nome tão refrescante quanto definitivo: Outros Frutos.

A acrescentar a toda esta factologia abençoada, leitores sem preço, a beleza, a textura, o tato, o sabor destes Outros Frutos - pura vida, pura artéria para lá de alegórica, pura carnalização da metáfora. Claro que Emilio Ballesteros e Nuno Júdice procuraram, nos seus belos textos introdutórios à obra, respetivamente prefácio e prólogo, explicar, apresentar, etcetritar. Mas convenhamos, aqui entre nós que ninguém nos lê (sic): não há hemernêutica mais afinada, análise mais fidedigna nas suas díspares possibilidades, como as que se urdem no silêncio do humilde leitor, na sua intimidade com os textos, na sua navegação solitária pelo mar do poema. Há alguma coisa de perdição e de apoteose salvífica nesse acontecer de co-criação entre quem concebe e cria e o que, lendo, cria também, e se sente movido. E dá-se aí a criação invisível, e muito dificilmente transmissível, por essa razão - o filamento misterioso do imaginário daquele que frui e que, ao fazê-lo, origina - o quê?

E eu fruí, e muito, os frutos desta paz-paixão quente de sol, que data do ano de 2005. A publicação, bilingue, é da Dauro, uma editora de Granada.

Escutem, vem das águas:

Nove

O vento empurra-te para mim, transformado em
folhas caídas - escrita anónima do tempo.
É Outono. O pátio está já carregado de ti.
E o meu corpo recebe-te, enquanto viajo, ao som do
tango que estremece na escuridão dos teus olhos.


Luísa Ribeiro, Outros Frutos, p. 45.

Mais informações sobre esta poeta de Angra de Heroísmo, perdão, do Cosmos, em:
 http://www.prahoje.com.br/bill/?p=401

http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/comunidades/?k=Sobre-OUTROS-FRUTOS-de-Luisa-Ribeiro.rtp&post=24090

http://miragatos.blogspot.com/2005/05/texto-de-apresentao-aos-outros-frutos.html

http://umabismo.blogspot.com/

terça-feira, 13 de março de 2012

Dancinha da chuva de Zim

- Chuva, terra, chuva, terra, chuvazim...

Chove, chuva, que chova a chuva, chiça! Chuva, chuva, chuva no chão e na uva, chova a chuva, Chico! Não é chiste, chama a chuva, onde a chuva, Shiva? Chova a chuva, ou a chama virá, em chusma virá, chuva, chuva, chuva, chuva, chova, chova e choverá!

Dia de Prós...e Contras!

Ah, intangível multidão fremente de leitores, como sabeis a que vos digita muito gosta de ver os Prós e Contras. Trata-se daquele pedacinho de alvitre, quase uma estratégia nacional, onde um painel diversificado palpita e comenta, e uma plateia também de várias frentes pode exprimir-se e interagir quando, claro, Fátima permite. E quase podemos antever a salvação pátria desenhar-se a partir de uma arruaça liderada por Fátima, de archote em punho, a cantar A Portuguesa a plenos pulmões e impondo a melodia correta no meio da balbúrdia.

E no programa de hoje, em que se escrutina se estamos ou não a cumprir (troikas e baldrocas on call, claro), retenho a frase pronunciada na voz mimosa e bem-comportada do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro: "Mas isso nós para aqui estamos para lidar com essas coisas, sempre." Mais ou menos isto, mas exato, exato, foi o "para aqui estamos". Nem mais, são eles e nós. E pronto, é isso. "Vamos por partes", acrescentou, mesmo agora. "Primeiro fechamos a transação e depois vem o banco chinês...". Exato. Por que não vender a Nação a países que calcam e cospem em coisinhas tão pitorescas como direitos humanos?...Oh, mas aguardem...Afirma o Dr. Carlos Moedas (coincidência...), o tal Secretário de Estado, que "Eu não consigo, é que estão ali duas pessoas daquele lado a atirarem-me tiros!...", numa delicadeza comovedora. Todos sorriram, complacentes e amigos.

Somos tão queridos e fofinhos, todos nós, tugas caras de bons meninos. Ai, é desta tez ebúrnea do espírito que se engrandece o Portugal - pobres mas fixes e sem ofensa!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Se eu fosse menino teria sido Miguel

- Oh, Zimnevere, vamos defender a senciência!...

Vi há pouco um bocado da entrevista do Daniel Oliveira ao Miguel Sousa Tavares. Apesar de me terem dito que, recentemente, foi o MST bastante infeliz numa qualquer tirada abonatória da tourada, a verdade é que sempre simpatizei muito com ele. E não, não é por também ser portista, até porque eu nem sempre fui portista: sou de casamentos por amor e não por arranjo, compreendem? A razão, dizia, pela qual sempre simpatizei com este escritor aventureiro é que de há muito o associo ao Bon Sauvage rousseauniano. Ao homem bom, militante da pureza e do ideal em que depõe a sua fé, associando-o difusamente ao eco cavalheiresco do Peter Cetera quando garante com muitos decibéis que ele é "the man who will fight for your honour"!...(Cof.)

Lamento as tais declarações. Podem ter sido um devaneio. (Espero que sim. Um bon sauvage respeita a senciência, quando dela toma nota.)

Claro que para além de tudo é certo que se trata, naturalmente, de um Beau Sauvage. E isso, para uma esteta, nunca é despiciendo meu leitorado bombom, nunca é despiciendo.

domingo, 11 de março de 2012

Incomunicabilidade

Monica Vitti, Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni em La Notte (Dir. Michelangelo Antonioni, 1961)

Lembro-me de no final do filme Um Chá no Deserto um dos personagens dizer, ou talvez fosse só a frase a passar, qualquer coisa como "Se pensarmos em quantas vezes vimos um luar perfeito ao longo da vida, vamos concluir que não foram tantas assim". (Bom, isto é mesmo adaptado, leitores compreensivos.) E este sentido é-me justamente reconvocado a propósito da questão da incomunicabilidade. Ou da falta de energia, de apetência, talvez mais exato, para comunicar. É uma arte, exprime um anseio, ou uma curiosidade, ou um aconchego, sendo portando, também, um ato de amor. Dedicar tempo; cultivar olhares; drenar solidões com o nosso toque, insubstituível. O toque é insubstituível, como o olhar, como o calor das palavras e o reconforto do nosso tempo. De minutos até. Às vezes, de segundos. Em poucos segundos vota-se uma floresta à desgraça, ou povoam-se solidões, faltas.

Povavelmente, todos seremos vítimas e culpados do drama sem tempo da incomunicabilidade. Não será à toa que sou apaixonada, ou melhor, que amo o Antonioni e os seus ciclos endémicos de palavras enferrujadas e de desentendimentos. Por que será? Deixarão as pessoas de ser significado, significantes umas para as outras? Culpa-se a chatice dos dias, o cansaço bêbado em que o mundo se tem nas pernas bambas? O tédio? O desamor, a falta de paciência, tudo? A nossa própria desertificação, mal decifrada por nós, indecifrável para os outros?

O problema é que não ficaremos aqui para sempre, para nos termos pela eternidade, uns aos outros ou aos luares esplêndidos. E isso choca-me profundamente. Não domino a finitude, não pretendo, não invejo quem o faça.

Incrível o quanto as palavras esmagam; quando ditas, quando ausentes. Sementes de cura e de desesperança, o tudo e o nada. As palavras, o tudo e o nada. É o que são.

sábado, 10 de março de 2012

Frases que amo

"Se não és por mim, és contra mim. Quem comigo não ajunta, espalha."

Jesus Cristo, na Bíblia.

Todo o meu coração subscreve e a minha cabeça, estimados...também.

Sem fôlego

Filipe Catto - Adoração (Filipe Catto)

Filipe Catto - Gardênia Branca (Filipe Catto)

Filipe Catto - 2 Perdidos (Dadi/Arnaldo Antunes)

Pus a aparelhagem a tocar à espera de ouvir a minha nova paixão musical em CD, o RealEyes do meu amado Gil Scott-Heron, quando me sai, de surpresa, uma voz muito diferente dessa do brilhante Gil. Uma voz muito clara, cristalina, uma inquebrantável força e fonte de elegância e onde a dramaticidade da música escorre cénica, vaporosa, vermelha, naquela intocável soberba da beleza maior. Fui ver: Filipe Catto. Um menino de Porto Alegre, nos alegres "suis" do grande Sul.

Fico mais uma vez, mais uma vez de muitas outras vezes, emocionada e orgulhosa, de um orgulho sem Pátria mas do coração, com a fabulosa e inacreditável capacidade de gerar talentos da MPB - irrefreável, vital, vitalícia, caramba! Que bom, boníssimo.

E boníssimo Filipe. Um Oscar Wilde moderno, como já li; diria antes um Dorian Gray. Belo, teatral, encantatório. Não há palavras para descrever a maravilha do seu canto. Amorável, mar, sabem, pensem em coisas fortes e diáfanas, embebam-se em romance e podem deitar-se a imaginar. Mas melhor será escutá-lo. Deixo três exemplos deste disco que domina, imperial, a "vitrola" aqui de casa: Fôlego. Ainda bem que a Mana trocou o disco e pude, assim, rechear-me com uma nova estupenda supresa.

E não posso parar de ouvir esta voz tremenda, tremeluzente, aquosa e sem sexo. Talvez desse inefável sexo dos anjos.

Facúndia fecunda

Fímbria
(Foto de Zim)










Talvez que para deter o tempo haja que encantá-lo com todas as habilidades ao nosso alcance. Um artesanato, uma obra de arte, uma peça única o nosso desvelo de, encantando-o, retê-lo dentro e fazermo-nos expansão; com mais uns pós de "infinito" para a bagagem. O tempo não pára, como canta o Cazuza, e nem nós.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Um azar nunca vem só...

- Bufffffffff

Se é verdade que as gentes se exprimem com muito mais energia e eloquência perante a desgraça alheia do que face à sorte e à felicidade dos outros, também não será uma tremenda de uma deslavada mentira, diletos, que temos um quê de dificuldade em lidar, digerir, interagir com as desgraças que nos contam. Então as alminhas a quem tudo parece acontecer e que muito contam, com o despudor dos crédulos, são geralmente forçadas a acomodar, no meio das suas diversas inquietações, cordialidades tais como: "Oh pá, também é preciso azar!", ou: "Que azar!...És mesmo azarado/a!", ou ainda um genuíno: "Eh, tu tens azar, de facto!". Hélas, camaradas, avisem-me se minto, alvitrem cá se minto.

Dá-se, neste encadeamento de sinceridades, o duplo desconforto do "azarado/a": padecer do azar em si, e ser sumária e ontologicamente plasmado, perante o seu olhar dócil e meio confundido, como a causa primeira e última dos descalabros da sorte que lhe sucedem. A culpa é dele/a, aliás, a culpa é ele/a, e é quase como uma imputação de culpa que se exclama: "Oh pá, és mesmo azarado/a"! Azarado por ter azar inexplicavelmente, azarado por ser culpado, agente, sujeito dessa força centrípeta com que "chama" a azarice.

Quem nunca sofreu desta perversa lógica da impotência-da-palavra-amiga-desajeitada (azarada?)...que atire com o primeiro enter.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Daminhas, bailai

Ana Carolina - Eu gosto é de mulher

Eméritas meninas, atrasada mas com sentido, aqui fica uma nota muito feminina deste dia 8 (curvilíneo). Grata a todas as minhas queridas leitoras.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Como não dizer mais que nada e conseguir um post popular

- Zim Zum Zum, não achas?!...

Elas realmente andam para aí e falam, falam, como diria o Fedorento, mas não dizem nada. É a botilde, são os collants, mais a sombra para os olhos e depois bruncham aqui e bruncham acolá e não as vejo mas é a refletir nada. E depois mostram os carros e os vestidos e a marmita do almoço e suspiram em quanto ficarão felizes por se aninharem no sofá a comer chocolates e a ver para lá de toneladas de DVDs de séries corzinha-de-rosa às pintinhas, cujo enredo e fundamento principal é o de mostrar os modelitos das protagonistas. Isto é que eu as vejo a fazer, e ainda por cima são magras e parecem sempre contentes da vida, mas fazer fazer que é bom é o eras.

Livrinho do erudito, também "rien de rien, non je ne regrette rien", ele é só o best seller da moda e não digas que vais daqui do post sem uma ideia fácil e indolor para entreteres a retina e adormeceres o cérebro cansadote. É isso e os vernizes a rodos, de cores improváveis e que causam a qualquer leitor sem preparo uma descarga biliar feroz, tal a intensidade de cor e brilho e cheiro que saltam do écran em erupções nervosas e incontroláveis.  E depois vão todas aos saldos, fotografam e comentam, com preços e requintes de sagacidade face às einsteinianas compras conseguidas.

Ou desfilam asneirolas umas atrás das outras e apresentam-se como as únicas almas genuínas à face do planeta, tão genuínas e tão especiais que parecem, elas próprias, nascidas num qualquer ponto inexplorado do vasto espaço sideral.

Cereja no topo do bolo: investigar, embirrar, colecionar e divulgar, ressabiando, o que as outras bloggers postam. Mandar postas, em suma.

Haja talento, que a paciência é infinita! Não é?...

Frase decorada e nunca esquecida

"Imaginar é sonhar, dorme e repousa a vida no entretanto; sentir é viver activamente, cansa-a e consome-a".  Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra.

Mão na massa, concretização material, ainda que matéria seja a da ideia, do conceito, do sentimento e da inventiva, transformar a vaga de inação em novidade. Um brinde a fazer com...leite de arroz.

terça-feira, 6 de março de 2012

Do sonhar

Talvez sonhar não seja, propriamente, o seu verbo. Talvez não seja, digo eu, exatamente sonhar. Será partir a pedra bruta. Qualquer coisa entre a picareta e a lapidação. Avento se o sonho mesmo não será o mesmo sonho, debruado a anestesia e sono, que nos traz desentendidos nas inverosímeis realidades quotidianas. Avento sem novidade, simplesmente pensante e cansada. Avento e durmo.

Diretamente dos Prós e Contras

- Próximo voo: ????

Mirai formoso leitorado que, falando-se em emigrar, ai pois que até gostava de experimentar umas temporadas extramuros. Claro que emigrar não tem de ser um drama, o que se torna dramática é a triste situação que motiva  que este mote seja cada vez mais salientado. "Lutar ou resignar?", pergunta o programa de hoje. Oh meus bons amigos, mas isso já está há muito respondido pela voz rouquíssima e redentora da Marina Lima, quando canta que "é bem melhor resistir".

Disse há pouco o presidente do Observatório da Emigração que não há uma relação direta entre a formação académica das pessoas e a sua ocupação profissional, e isso eu digo e penso há muito. Perceber essas linhas paralelas, intercomunicantes funcionalmente ou não, mas desejavelmente propiciadoras de fonte e aproveitamento de conhecimentos, competências e mundividências que distinguem pessoas e trabalhadores, é vital e de uma sabedoria atualíssima. Olho aberto, mirar o além-mar  nestes novos Descobrimentos, físicos e metafóricos.

Além de tudo, resignar enruga-nos a cútis, meu povo. Como que nos amarelece e estiola. Lutemos e brindemos. E, Fátima, que se batam as palmas!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ela voltou!

Ela voltou, a Mana do coração. Voltou com um bronzeado para lá de tropical, para lá de além mar, para lá do Cabo da Boa Esperança. Voltou com um entusiasmo genuíno por uma terra que descreve por primor, com o detalhe que o seu recém-conhecimento lhe permite. Mais do que fotografias, são os seus olhos e sentidos que exprimem o espaço, a largueza, a civilidade cordial de um país e de um povo sem traumas de Apartheid. Segundo o que vê e ouve.

Voltou ridente, e cheia de histórias para contar, presentes desempacotados, e muitos abraços diretamente de Pretória para Lisboa.

Isso tudo, o seu regresso, as suas viagens e a sua Demanda, e até as minhas saudades, me fazem sonhar.

Da Mana que ama.

domingo, 4 de março de 2012

STOP ABORTO


STOP!

A propósito desta notícia , cumpre-me tecer alguns considerandos muito simples. Um artigo "científico", publicado no Journal of Medical Ethics , afirma que os recém-nascidos, à semelhança dos fetos, não possuem estatuto moral, e apodam de "irrelevante" a sua potencialidade de ser tornarem pessoas (sic). Assim sendo, defendem estes especialistas (?) em, eventualmente, ética médica (?), que  matar um recém-nascido deve ser considerado tão lícito quanto abortar um feto. Claro que, certamente de forma primorosa (sic), super-ética (sic) e sagaz (sic), logo se apressam a esclarecer que apenas em determinadas situações deveria a morte do recém-nascido ter lugar, nomeadamente em caso de problemas não detetados durante a gravidez. Ufa, afinal há esperança na humanidade! (Sim, é mesmo ironia.)

Mas vamos então aos meus simples considerandos:

1 - Fetos e bebés não são pessoas? Poderemos não considerar como pessoa uma pessoa em formação? Talvez um animal não humano, um amontoado de células, um lixo gelatinoso, uma excrescência que a ver vamos o que se dará com a dita?

2 - Matar um recém-nascido pode ser tão lícito quanto abortar o feto. Ora bem, aqui colocaria a questão de outro modo: matar um recém-nascido corresponde ao tipo de assassinato mais covarde, vil, ignorante, cruel e nefando do aborto de um feto. É tão criminoso matar quem se vê a olho nu, como quem não ainda não está ao nosso lado, ao nosso colo, no seu bercinho. Ainda não está porque é claro que estará, se tudo correr bem, e se nesse "tudo correr bem" se incuir não acontecer ser o feto estropiado e arrancado ao seu espaço de desenvolvimento natural.

3 - Dizer: "Ah mas a família é tão pobre que vai ser mais um desgraçado infeliz etc., etc...." isso sim, é uma hipocrisia inominável. E se for pobre, desgraçado, infeliz? E se não for? Vai determinar-se o direito, o direito de cada ser a existir, por causa do que se considera ser a qualidade da sua vida futura?

4 - E às vozes que exclamam que o corpo é da mulher e é a mulher que manda e sabe, tenho a dizer, leitores que me seguem, que o corpo que se pretende erradicar não é, seguramente, o da mulher. Não estamos a falar de tirar um rim, ou de eutanásia. Falamos na morte de uma vida com autonomia e integridade moral e existencial, com uma dignidade inalienável e que não se pode tirar sem roubar. Humana, senciente. Que contém em si, no seu pequeno tamanho físico, uma possibilidade gigantesca, e uma efectividade indesmentível, de usufruir desta viagem inigualável que é a de existir, de respirar,  de viver. E isso ninguém, nem nada, nem teoria, nem bruxaria, nem "biotética", nem disparate algum, comodismo algum, areia para os olhos alguma pode negar-lhe.

A lei atual, na crista da onda da barbárie intelectual, sentimental, relacional, moral, permite que se opte conceder ou não a alguém o seu direito a ser, a alguém que já é. Maior retrocesso é muito, muito, muito difícil de imaginar.

STOP ABORTO. Agora e sempre. Deixem quem vive viver, não escolham o seu destino baseados em medo, em comodismo, na brutalidade mais boçal e mais torpe. STOP ABORTO. Pela vida.

Sabemos que somos vegans quando...

Corn fields forever

...antes de sairmos para almoçar dizemos, com muita fome: "Estou capaz de comer um campo de milho!" (Zim dixit.)

sábado, 3 de março de 2012

Ponto de vista

 Ponto de vista
 (Foto de Zim)

Se a Vossa dileta visão for desprovida de perspetiva, detalhe, paisagem e nuance, saibam que isso não vos dá ponto de vista nenhum, mas pura miopia. Pá.

Questões de apuro estético


"Ajudai-me a enfrentar a fealdade!..."

Coisas que na minha humilde opinião o bom gosto deveria proibir às daminhas (ordem arbitrária):

- leggings;

- litas ou lá o que é aquela sapata entre o ortopédico e o extraterrestre;

- unhas com bonequinhos, florzinhas ou coisas fofinhas desenhadas;

- alças de silicone (simplesmente terrífico!);

- qualquer milímetro de barriga à mostra, por mais bonita que seja a dita, em trajes laborais;

- calções/saias curtos laborais;

- havaianas e outras chinelinhas no labor;

- começar a falar logo muito alto quando pretendem explicar a sua opinião;

- falar muito alto, em geral (só a surdez desculpa o facto);

-não serem nada subtis ou elegantemente inteligentes ao pretenderem dar "uma boca" (desconfio que nunca perceberão a triste impotência do ato);

- não se encontrarem impecavelmente depiladas;

- tatuagens, especialmente coloridas;

- usar os óculos de sol em cima da cabeça por sistema;

- murmurarem bom dia ou boa tarde ou boa noite ininteligivelmente, entre a sonsa e a malcriada (se me apercebo que é de propósito por vezes faço igual quando me apetece, mas não devia, é super piroso);

- apoios de linguagem cansativos como iniciarem cada frase com "É assim:" ou avaliarem tudo como "Brutal!";

- chamarem "linda", "miga" e "nina" umas às outras.

Atenho-me a questões de foro mais estético, as coisas morais, incomparavelmente mais importantes, vão sendo salpicadas nesta Alegoria para as leitoras e os leitores que quiserem entender.

Sim, sei que sou uma fofura. Obrigada.

O homem mais bonito do mundo - selon moi



Bruno Alves

Os olhos de mel, a pele de canela...Não, não vou cantar "Gabriela, Gabriela...", mas Bruno Alves. A ascendência nos trópicos, a pronúncia do norte e a magia voadora. Para mim, é o menino mais bonito do mundo.

Nenhuma fotografia, nem imagem, nem pintura, lhe fazem jus.

Dá-me a tua camisola (Bruno Alves)

- Olá Zim e amigos, somos o Slavek e o Slavko!*

Tenho para mim que é móbil de unidade nacional e de grande reforço anímico o caudal noticiário sobre o modelo, o padrão, as tecnologias do além das camisolas da seleção nacional. Anti-transpirantes, anti-puxão, anti-falta, anti-livre direto, anti-tento, anti-vermelho, anti-tesoura (vide vocabulário futebolístico meus caros, que não duro sempre), anti-derrapagem, anti-tudo, em suma. É desta é que vamos, pensamos nós, já comovidos, a ver os nossos heróis do desporto rei a desfilar, quais modelitos very clean, numa qualquer passerelle milanesa.

Aprumadinhos iremos nós, isso é seguro. Agora só falta aquele detalhezinho que ajuda sempre um pedaço: jogar à bola com eficácia e estética superiores às da camisola envergada por cada um. Vá lá, já não falta tudo...

Ainda não vi a deste Europeu que se avizinha.

* Mascotes do Euro 2012.

sexta-feira, 2 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Sagacidades desarmantes

Zim - Sabe Mãe, às vezes acho que estou a falar com as pessoas e que elas ficam a olhar para mim e a achar-me maluca.

Mãe, com o seu olhar de avelã em riste - Ai achas??...

Cof, cof, cof...

(Espasmos de gargalhadas no sofá.)

Eis aqui...

João Gilberto - Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça)

Este sambinha do bem e do bom, tal a bossinha morna, a sorrir coisas macias e afabilidades nunca dantes navegadas... é mais do que suficiente para sorrir e zarpar.

Na voz e nas pontas dos dedos do enorme, inigualável, imarcescível, insofismável, inesquecível e indecifrável João Gilberto.

Canta o Caetano que "Melhor do que isso só mesmo o silêncio/Melhor do que o silêncio só João" (canção Pra Ninguém).

Esta "nota só " é milionária.