sexta-feira, 9 de março de 2012

Um azar nunca vem só...

- Bufffffffff

Se é verdade que as gentes se exprimem com muito mais energia e eloquência perante a desgraça alheia do que face à sorte e à felicidade dos outros, também não será uma tremenda de uma deslavada mentira, diletos, que temos um quê de dificuldade em lidar, digerir, interagir com as desgraças que nos contam. Então as alminhas a quem tudo parece acontecer e que muito contam, com o despudor dos crédulos, são geralmente forçadas a acomodar, no meio das suas diversas inquietações, cordialidades tais como: "Oh pá, também é preciso azar!", ou: "Que azar!...És mesmo azarado/a!", ou ainda um genuíno: "Eh, tu tens azar, de facto!". Hélas, camaradas, avisem-me se minto, alvitrem cá se minto.

Dá-se, neste encadeamento de sinceridades, o duplo desconforto do "azarado/a": padecer do azar em si, e ser sumária e ontologicamente plasmado, perante o seu olhar dócil e meio confundido, como a causa primeira e última dos descalabros da sorte que lhe sucedem. A culpa é dele/a, aliás, a culpa é ele/a, e é quase como uma imputação de culpa que se exclama: "Oh pá, és mesmo azarado/a"! Azarado por ter azar inexplicavelmente, azarado por ser culpado, agente, sujeito dessa força centrípeta com que "chama" a azarice.

Quem nunca sofreu desta perversa lógica da impotência-da-palavra-amiga-desajeitada (azarada?)...que atire com o primeiro enter.

2 comentários:

Pagu disse...

É pá toma lá um enter...ahahhaha

Foi azar, desculpa lá

rsrsrrsrs

Tamborim Zim disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk