quinta-feira, 31 de maio de 2012

Barre com a barrinha lateral

Então leitor, interrompa o seu assovio para o lado que bem sei que cisma ainda com o Nemours, cof cof, com o Garrel. Aliás, com a obra de arte em si.

Tire-se, seguindo o mote do Celan, da sua palavra.

Ide espreitar a barrinha com novidades, ora pois.

A Doce França

Louis Garrel em La Belle Personne (Dir. Christophe Honoré)

O romance da Madame de La Fayette sobre a  Princesa de Clèves e as suas sinuosidades amorosas tem inspirado diferentes artistas ao longo dos tempos. Já tinha visto, há muitos anos, A Carta, do meu amado Manoel de Oliveira, que considerei delicado e dramático. Há uns dias, novo filme baseado, em libérrima adaptação, na mesma história: A Bela Junie ou, no original, La Belle Personne, realizado por Christophe Honoré em 2008. É sempre um prazer, para mim, confirmar a minha afinidade com o bom cinema europeu, a empatia com a lente poética dos seus realizadores, a maravilha arrebatadora de tantos atores do Velho Continente.

No ambiente moderno de uma escola secundária francesa as tramas, segredos, intrigas e perplexidades desfilam como se as protagonistas adolescentes deixassem ouvir os burburinhos das suas rendas seiscentistas, ao invés de usarem simples calças e trajes do quotidiano atual. As peles pálidas testemunham transes românticos e o limbo, a protagonista (Léa Seydoux) ganha completamente a câmara com a transparência pura do seu olhar oblíquo.

Pensando bem, o filme parece fazer ecoar uma pergunta que várias vezes concebo: como regenerar a pureza?

E como esquecer o rosto sublime de Nemours, o encantatório professor de italiano (Louis Garrel), esculpido magistralmente e com laivos de uma androginia magnética? (Calma meninas...e meninos: tem relação estável com a irmã da Carla Bruni, 19 anos mais velha que o muchacho de resto. Os 50 são os novos 30!)

Diletíssimos...já peceberam, pois, que recomendo a película com afã?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Save the Rhino!

E agora pra vocês Tambo...Rino!...

Camaradas, cândidos leitores, povo em geral, hoje é dia 28 de Maio de 2012. Sim?, perguntarão, incrédulos. Sim, confirmo.

Tendo em conta a tragicidade do estado a que cheguei, eu que sempre rolicinha me conheci com uma boníssima interrupção de boa forma entre os 27's e os 30 e poucos, não faço justiça à figura que apresenta esta posta, claramente por defeito. Estou nas últimas, na morbidez insultuosa do desconchavo alimentar (chocolates a mais) e do sedentarismo.

E não alvitrem, não arenguem já que é por ser Verão etc., que me estou em boa verdade nas aguarelas para isso. Será processo lento, a lentidão saudável das coisas importantes. Será processo estimável, camaradas, oh sim.

Começa hoje o cuidado alimentar Save the Rhino. É a primeira vez que faço um controlo sendo vegan, e sei que tenho ao meu dispor uma enorme variedade de comida que simplesmente amo. É dar aquele tempero chamado equilíbrio... e talvez volte a conseguir ver as toneladas na balança quando olho para baixo - eis o mote!

Desejem-me sorte, ou melhor, talento.

Cá vou.

Mas não se preocupem que não andarei a melgar posta sim posta sim com os meus menus e exercícios. Safa!

domingo, 27 de maio de 2012

O mundo não é funcional

A ver os Ídolos chego à conclusão (já tinha chegado, é apenas uma frase de efeito) de que o mundo não é, com efeito, funcional. Só assim se justifica a Bárbara Guimarães, simpática, espevitada e com propósito nos seus dizeres, quase ter malhado pelas escadas, tendo de ir agarradinha ao Manuel Moura dos Santos até ao seu lugarzinho para a coisa não ir a pior, e para a Cláudia Vieira também ter dado o seu tropeção umas cenas depois. Faço ideia as concorrentes com os seus saltos agulha, devem ir a praguejar pelo caminho, apoiadas umas às outras, para não sairem da fala com escoriações. Aqueles degrauzinhos devem deslizar que é uma maravilha...haja sentido de praticidade e conforto. Se não brilhar e reluzir, ainda que se partam cabeças e pernas, não dá o resultado devido.

Eu digo isto mas ainda há uns tempos, num instante de puro devaneio, para não dizer irracionalidade, cogitava comprar uns lindos sapatos cujos saltos são demais para mim - e, talvez, para qualquer ser que tenha conquistado a bipedia. Na nossa calçadazinha também havia de ser bom, uuuuu.

Já agora, sou só eu que acho ou a banda devia ser um pedaço menos estridente e volumosa de som?

Cof - quero mais férias.

A volta

Zim volta nas águas!

 (Foto de Zim)

Sei bem que é de supetão, como água a cair, que vos chego em apoteótico (ou não fosse divesco!) regresso. Mas sabeis, sabeis, a longa viagem, o cansaço, ainda que saboroso, da volta, a necessidade langorosa de apanhar os dias (e, menos prosaicamente, de carregar miríades de fotos...), o sono e o calor apartaram-me mais uns dias da Vossa deliciosa companhia. Que eu sei que estão aí, pressinto-vos dentre as frondosas sebes das arrobas.

Para minha grande surpresa este mês de Maio, o menos escrito na Alegoria por motivo de merecidas férias da sua bombónica autora, ameaça ser o segundo lugar, neste blog, quanto ao número de páginas acedidas. Muito obrigada a todos os meus queridos leitores que, de várias partes do mundo, vão tendo a curiosidade e a paciência de aturarem o meu tagarelar. Estamos juntos.

Top Model



(Fotos de Zim - Kruger Park, África do Sul)

O lento fatal recato da selva

               nos olhos assombrosos da leoa

o gelo da luz do fitar da leoa

                               cauda, arco de fogo

rabo-revolução

     quero o último olhar da leoa

meu

aquele último olhar da leoa

Pensando bem...
































(Fotos de Zim)

... foi maravilhoso.

Imaginai várias bolas vermelhas no canto superior direito, imaginai

" - Eu sou neguinha?..."


"- Amô é Bossa Nova, sexo é carnavau...uuuuu..."

" - Di noiti na cama eu fico pensando, se você me ama, e quando..."
(Fotos de Zim) 

Olhem meus leitores puros, entes do bem, também vos digo: se era para presenciar cenas como as que aqui não sem alguma ousadia deixo supra, pois que mais valia nem me abalar da terra. Isto é demais camaradas, isto é demais.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Interlúdio nos aprazíveis longes

- Zimmmmm, volta depressa, zniffff!....

Que a vida é dura, nunca ninguém o negou ou há-de, em sua sã lucidez (haverá lucidez insana, oh, eis a questão...julgo que sim), é facto. E isso se aplica a este meu momento: pois que queria, queria era trabalhar, e retrabalhar, e andar em trabalhos. Mas que fazer, lá tenho de ir às férias, contribuir com o meu pedaço para o cenário de lazer mundial. Passeio, voo, sobrevoo, paisagem. Zero pensamento laboral ou afim, zero inquietação. Chato, mas inevitável, uma ou outra vez todos passamos por isso.

Nesta tétrica conformidade, estimadinhos que levo aconchegados na aorta, uns diazinhos nos apartarão, trazendo consigo a agrura da saudade.

Mas quando estiverem cansados de um sossego inútil, sem o tamborínico ressabiar e perorar e melgar, olhem em volta. Um zunido? Um raminho a mexer? Sim, estarei de volta.

Estarei de volta! Beijinhos e abraços e até zim.

Pequena jocosidade

Há gente a quem chamar lixo significa um upgrade imerecido na escala da adjetivação possível. E não, nunca vilipendiemos a importância do esterco também!

Visualizemo-las apenas como abjetas.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Com os cumprimentos da Oliveira não siciliana mas do...Hospital

Ahhahahaha Não, não enlouqueci - mas quase... Acontece que não resisto a rir muito depois de ler no bom do Sapo que o mui procurado mafioso Giovanni Capone Perna (até o nome é de soltar a gargalhada) foi caçado em menos de um fósforo pela nossa PJ em...Oliveira do Hospital, onde parece que vivia sem qualquer stress, na cosa sua.

É por isso que eu amo Portugal pá! Mafiosos em Oliveira do Hospital. São os bons ares, os bons ares minha gente!

É a pândega!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Hiperidrose - Suor Excessivo

Ainda sobre a hiperidrose, divulgo aqui pela primeira vez um site meu, muito simples na sua apresentação, mas com informação muito interessante, e que já se revelou importante para muitas pessoas.

http://hiperidrose.com.sapo.pt/

Este site conta a minha experiência como ex-portadora de hiperidrose, dá dicas, espevita os doentes, previne-os e refere algun locais onde a simpatectomia toracoscópica se realiza. Passo a passo, um pequeno guia de ação para quem estiver interessado no assunto e na maneira de se preparar para a cirurgia.

Misteriosamente, não consigo entrar neste site, feito já vários anos. Por essa razão, a minha idade está bastante "atrasada". Tenho atualmente 35 anos, como sabem, e não 32. Mas continuo feliz da vida com a cura!

A relação dos hospitais e médicos também está incompleta. Para quem for do Norte, tenho recebido testemunhos entusiastas e satisfeitos com o Hospital de Santos Silva (também conhecido por Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia) - reduzida fila de espera, excelente serviço, eficácia e profissionalismo.

Fui operada a 19 de Outubro de 2006 e continuo a receber e-mails de vários doentes, em diversas partes do mundo, à procura de ideias para alcançarem uma tão desejada solução. Não desistam!

Uma entrevista a não perder

Queridos leitores, aqui fica a minha segunda colaboração com o Ciência Hoje, publicada hoje:

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=54023&op=all

Já tinha feito esta outra contribuição, e é um prazer dizer-vos que auxiliar a divulgar informação pertinente me satisfaz bastante.

A entrevista presente é mesmo muito especial para mim: durante 30 anos sofri de hiperidrose, ou seja, as minhas mãos "choviam" de suor a toda a hora e todo o instante. Os pés, idem aspas. Mas nas mãos o problema reveste-se de particular drama. Como cumprimentar, como esconder, como encontrar algum conforto entre teclas de computador encharcadas, outras peles sujas pela nossa, folhas esborratadas e mãos frias, pingadas e cheias de tinta, sempre "carimbadas" por causa da presença permanente e embaraçosa de tanta sudorese?

Ah, isso passa, chegaram-me a dizer na farmácia. Os médicos de família? Os que conheci, encolhiam os ombros, totalmente desinteressados e ignorantes.

Um dia estava tão mas tão cansada, desconfortável, desesperada com as mãos a jorrar suor, fui à Internet e escrevi: "suor excessivo". E então...e então começou o caminho da minha cura.

Continuo muito, muito feliz com os excelentes reultados da simpatectomia toracoscópica.

Esta entrevista com o Doutor Jorge Cruz (que me operou), merece a vossa leitura e divulgação: provavelmente, acabará sob o olhar de alguém muito aflito e à proura de se livrar desta doença silenciosa e tão pouco divulgada. Ajudem a fazê-lo!

Estado laico, malaico ou maluco?

Mirem, segue em castelhano - temos mesmo de aprender com os espanhóis!

Eu devia estar a descansar, aliás a roncar. Porque só roncando, companheiros, é que perdemos a consciência e a noção do mundo em cacos por onde andamos em pontas, quais bailarinas desajustadas e mentecaptas, a procurar não furar os pés.

Quis a minha fidelidade ao Sapo que o escolhesse para minha página de abertura ou home page ou lá o que é. E com o que depara a pequena Tamborim, cheia de abafos, comprimidos e inaladores? Ah, é que agora o solo pátrio encontra-se pendente da decisão, leiam bem, do Vaticano, para saber o que fazer aos feriados. Por causa da simetria (feriados religiosos/laicos) e do diacho a sete. Desculpem lá mas o problema carece de explicações vagarosas e mui detalhadas: a que propósito é que o governo de um Estado laico (??) aguarda decisões papais para a prossecusão da gestão dos feriados aqui do burgo livre? Mas estamos em 1200, 1500, ou em 2012, séc. XXI, minha gente? E a República, Afonso Costa, a Constituiçãozinha? Não, não me peçam para não ficar apoplética: quero cabeças. Quero o coração da irracionalidade arrancado pelas costelas. Quero razão, bolas!

Sem palavras para retratar tanta estupidez e tanta latrina. Não estará na hora de um novo big bang?

O dinheiro é feio


Massacre de Haymarket, Chicago - Maio de 1886

Viva então o dia internacional do trabalhador. É com efeito com encantatório agrado que vemos um dia tão simbólico quanto este ser transformado, mais uma vez, num assalto à dignidade de quem dá o corpo ao manifesto todos os dias para - adivinhem - trabalhar.

E por que razão perguntarão, cautelosos, sai o desabafo supra? Porque repetidamente se ouvem acusações com fundamento crível, de que vários trabalhadores são pressionados (senão ameaçados) a trabalhar no feriado do 1º de Maio. Para isto meus caros, para esta fedorenta vergonha das já de si feudo-vassálicas relações laborais espalhadas por esse mundo fora (especialmente em regiões onde as partes mais espúrias da latinidade mafiosa preponderam), mais valia acabarem também com este feriado.

Parece que, num golpe dito genial, um dito supermercado promove mesmo, neste preciso momento, uma revolução em cada um dos seus espaços: preços pela metade para quem compre acima dos 100 euros. Ê lá!... (Assobio.) O cenário está montado diante dos nossos olhos: o feriadão nacional, perdão, internacional. As famílias em dificuldades com as carteiras a conta-gotas. E a mega-promoção, vinde todos meu povo, tomem lá metade, somos generosos e sobretudo adoramos os trabalhadores. Enquanto isso, eventualmente os nossos empregados farão parte do grupo de pessoas que se sentiu seriamente constrangido a trabalhar neste dia. Em vez de respirar fundo, de poderem ter um dia diferente sozinhos, com as famílias, com música ou silêncio ou pc, ei-los no batente, extenuados, mas com a compensação de terem mais uns cobres no banco ao fim do mês.
Como detesto tudo isto, a covardia, a exploração, a prepotência de quem pode dispensar, despedir, destratar, atirar para a indigência. Como detesto a covardia dos que se deixam pisar assim, embora a entenda.

E é neste prisma, neste prisma infeliz, cheio de reflexos da nossa horrível humanidade, que digo que o dinheiro é feio. Que enoja, que enjoa, e que não seria preciso para nada se fossemos todos pessoas de bem.

Mas pessoas de bem não se encontram assim tão facilmente quanto lojas de Janeiro a Janeiro. Que pena!

Da minha parte, senhores, não venderão NADA neste dia. Exorto a que façam os mesmo: pensem antes de agir e não entrem no jogo viciado de um sistema tão rico quanto nojento.

Neste mundo ensandecido, o nosso principal poder não é o de voto, mas o de compra. Com dinheiro se escolhe, se enriquece ou despromove. Vamos usar esse poder para boas causas, vamos ser donos do nosso próprio direito de escolher para onde, e quando, e para quem, e para o quê vai o tal, o dito, o cujo, aquele que até custa ganhar pelo menos para muitos - sim, o dinheiro.