domingo, 10 de junho de 2012

Carros e carrinhos e coisas sem nexo

Andavam as comadres aflitas que os jogadores da Seleção andam para aí a aparecer com os seus carrões-bombonas, e que o povo coitado, aflito com as troikas e baldroikas é bem capaz de se amargurar porque no fundo o povo (coitado) não pode ter máquinas daquelas, e que a época é de crise, e que assim não se gera a empatia, e o diacho a oito.

Felizmente que, no meio deste equívoco arengar, sempre se ouviram opiniões sensatas. Menos, diria, flausinas. De facto, mas a quem é que interessa o tamanho, a marca, o preço, sei lá o quê, do carro dos jogadores da Seleção? Se têm carros bons, muito bons, opulentos, luxuosos, submarinos e helis, é lá com eles. É porque podem. Deveriam os jogadores de se deslocar de Sinca alugado, de 1964, para satisfazer a dura realidade do português com rédea curta de finanças? Quero lá bem saber! Estou a ter cortes há anos, não tenho carro (nem carta), não tenho casa, não tenho em boa verdade nada. E daí? Ainda bem que há quem possa ter, comprar, gastar, e ter prazer com isso. Ao longo da vida já andei em carros muito diferentes entre si, da pileca mais pileca (que era minha e a meias) a bombonas de entortar os olhos aos apreciadores de viaturas (de alguns amigos). Claro que a segurança conta, e é um primor andar em carros em que se sente um conforto que aumenta a a sensação de estarmos seguros, mas o que interessa é a essência dos passageiros, os momentos passados, a viagem em si. Os prazeres únicos, intransmissíveis, insubstituíveis.

E parece que é a essência que vai tosca por todos estes reinados ermos do Planeta. Deixem de se aborrecer sobre o que os outros têm fruto do seu trabalho, e preocupem-se com os corruptos, com os tinhosos que têm porque roubam, ou mentem, ou fogem.

E força, Portugal. Sim, gosto de futebol. Sim torço, obviamente, pela Seleção. Mesmo que os carros deles estejam uns meros furinhos acima da querida pileca que um dia tive.

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