sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dois pensamentos profusos

Um

Já tinha reparado que vários poemas da barrinha lateral falam de rio. Não de rios, mas do rio, de um rio. Daí que dei por mim meditabunda, comme toujours, a pensar na frequência do pequenino vocábulo em tantos instantes da criação (e da fruição) artística. A própria palavra parece ser o que diz: escorrega, líquida, no seu significado, toca-nos a fluidez rápida com que passa da boca à imagem que de imediato se rasga nas nossas mentes: rio. As palavras curtas têm poder, isso é sabido; vejam, por exemplo, Tambo. Ok... E há uma beleza indesmentível na verbalização e na grafia daquele minimal e gracioso alinhamento das três letrinhas. Mesmo noutras línguas, a palavra é linda: river (nem tanto), fleuve (um sabor!), fiume... Fio de água, filamento translúcido que fala de claridade mas também de aventura, de delicadeza e solidão. Rio. Para lhe abençoar ainda mais as conotações, ei-la irmã, ademais, da minha cidade preferida, ou a que mais me emociona, o que dará no mesmo - sim, a Maravilhosa. Súmula para a eternidade da própria noção do eterno, a palavra é ilusoriamente frugal. Corre como seiva, como sangue, no apelo poético de todas as veias do mundo.

Outro

Mas como é que é possível esta canícula endiabrada em plena Primavera... Quanto mais prima, mais se lhe arrima, e é bem verdade! Eu não sou de intrigas: larguei os collants.

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