quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Diva Impressionista que eu Amo


Berthe Morisot com Leque - Manet

Pastora deitada - Berthe Morisot

Julie Manet por Berthe Morisot

Eugène e Julie Manet por Berthe Morisot


No Baile - Berthe Morisot


Berthe Morisot por Manet

Quando estive em Paris em Março bem corri desde a estação de metro mais próxima mas, como sabemos, a horas de fecho são inexoráveis, nomeadamente nos museus. E foi dessa forma deveras ingrata  que vi cerradas para mim as portas do Musee Marmottan Monet que albergava uma enorme retrospetiva de Berthe Morisot, uma das minhas pintoras preferidas. Não sei se soube desde esse momento que voltaria à cidade para ver a mega exposição, mas o certo é que, num belo dia azul de Junho Tamborim Zim aterrou no Charles de Gaulle e foi, entre comboios e metros, diretamente ao Marmottan Monet. (Lembro-me agora que chuviscava, ai o que a recordação pictórica promove!)

Obviamente, vinguei-me em delícia: cento e cinquenta trabalhos em que a cor, as formas, a diafaneidade e a beleza são barcas para uma viagem de sonho através das décadas do talento de Berthe. A feminilidade primorosamente oferecida, a graça etérea da infância e a captação tão interessante do crescimento da sua filha Julie (que tanto me parece a atriz Julie Delpy!) e a maravilha da paisagem,  juntam-se a portentosos autorretratos e também a retratos de Berthe pelo seu também mui talentoso cunhado Édouard Manet , que tinha na bela impressionista uma musa e uma modelo de excelência. (Berthe foi casada com o seu irmão, Eugène Manet).

Uma outra alegria que esta exposição me permitiu, um pouco mais tardia, foi a descoberta de que Morisot teve um antepassado pintor que eu admiro profundamente, o magistral Fragonard, de quem era uma sobrinha em já não sei que grau. Magistral, n’est ce pas?

Triste e curioso é saber que nem as suas cores, formas, beleza, inspiração e reconhecimento  (mas na sua identificação aparece como “sem profissão”… penas de mulher oitocentista) fizeram de Berthe uma pessoa feliz. Frequentemente acometida de depressão, Berthe só nos deu, contudo, a parte boa do que via, sentia, sonhava ou, talvez, desejasse: uma harmonia inesquecível, uma melancolia nunca menos que doce, uma festa da fruição.

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