quarta-feira, 22 de agosto de 2012

E a propósito de estrelas

A Cidade Sitiada - Clarice Lispector
(Relógio D'Água)

Se não fosse a minha querida Alegoria e a minha multidão feérica, cof cof (perdão) frenética, de leitores, nem sei como aguentaria o regresso destes maravilhosos dias de férias campestres. Pura mágoa, a minha separação do campo. Hélas.

Acabei por não revisitar o Eça, mas a segunda e última leitura destas férias foi, como esperava, venturosa: A Cidade Sitiada, de Clarice Lispector. Presença única na literatura de língua portuguesa, bem calha evocar a sua origem europeia, ucraniana de facto, ao enfatizar-lhe a peculiaridade. Talvez a minha escritora mulher preferida, lê-la é empírico e empíreo. A um tempo uma deambulação do espírito e um prazer de refeição arrebatadora. Mesmo em ameaços de indigestão, a impiedosa pureza concreta da escrita de Lispector não nos atira fora do córrego; leva-nos consigo, transporta, seduz na transformação. Transborda. Clarice transborda. Que sejamos sempre assim gloriosamente atingidos. Filosoficamente animais, concupiscentemente subtis.

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