sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A rapariga que gritava

Hoje estava a sair do trabalho e, enquanto andava, ouço uns gritos altíssimos de uma rapariga que passava do outro lado da rua. Aparentemente, ralhava com o volume alto que saía de um carro. Mas o curioso é que continuava; a ralhar, a gritar, a gesticular pela rua, numa raiva descontrolada. Jovem, vestida normalmente, ei-la com ar perdido e de um desconchavo preocupante. Eu continuava o meu caminho mas percebendo-a, mais ao longe, naquele estado, dei conta do sucedido a um polícia que estava ali por perto, alertando que a moça preciava de ajuda. O agente, sem grande convicção, tentou no entanto, com alguma insistência, chegar à fala com a desesperada rapariga. Esta, sempre muito assertiva e com voz forte, garantia que não falaria e afastou-se. Nessa altura abandonei a cena e segui.
 
Fiquei a pensar que se calhar devia ter, eu própria, tentando falar com a estranha transeunte, mas parecia-me tão alterada que tive receio de promover uma cena ainda pior e, pior, em impotência extrema. O que é que se faz num caso destes? 112? Resta-me esperar que não faça nada contra ninguém, nem contra si mesma. As pessoas estão doentes, e é doentio não podermos, aparentemente, fazer nada.
 
São precisas instituições para acolher e trazer à razão os bêbados da rua, os loucos, os desesperados, é preciso não deixar estas pessoas amotinadas à sua sorte. Urgente.

3 comentários:

Pagu disse...

Por momentos cheguei a pensar que eras tu que estavas aos gritos na rua.

Tamborim Zim disse...

N. Mas nunca se sabe. Sou mais eu.

Pagu disse...

Claro, um dia destes algo pode acontecer. Contra o desespero, claro.