terça-feira, 9 de outubro de 2012

Só faz bem

Encarar. Prosseguir. Oh sim.

Serão os meus quase quarenta anos. Sim, os meus trinta e seis anos. Será isso que motiva uma clarificação interior maior em relação ao que penso, sinto, e às dúvidas também, às dívidas de organização e certeza.
 
Talvez haja uma natural confiança que nos permite encarar defeitos, limitações e acessos de Diva como efetivamente constituintes da nossa pessoa; alvo de correções, acertos, inflexões ou suavizações, mas factuais.
 
Imagino que a nossa passagem pelo tempo, a maturação das rídulas configuradas nas incertezas e intermitências dos dias, nas insatisfações experimentais com que nos brindam e nos brindamos, nos faça aderir ao apelo da objetividade. E a assunção de que há coisas que são mesmo assim.  Que uns caem em graça e que outros não, que uns gostam de nós genuinamente e apesar das nossas falhas, e que outros não nos suportam por causa das nossas virtudes.
 
Muito provavelmente, é esse tempo que chega, ou ao qual chego, que vai permitindo destrinçar prioridades e valorizar o que tem realmente mais valor. Esse cálculo distingue a inteligência com que conduzimos as nossas vidas.
 
E apesar de toda a imperfeição, também este já longo convívio comigo, desde o meu sempre e para o meu sempre, me faz ter paciência com os meus devaneios, tolerância para o ego leónico-dragónico, relativização no entendimento do mundo.
 
Sobretudo, é com convicção que cada vez mais prezo umas coisas e me estou nas tintas para outras.
 
Desde que a nossa sensibilidade não se debilite significativamente, cultivar um certo desprezo por amplas facetas da existência não faz mal nenhum. Só bem.

5 comentários:

Pagu disse...

Grande post. A idade, tempo, percurso, seja lá o que se chame, dá nisto. Podemos dar-nos ao luxo de pensar, sentir e ser. Nem mais.

E quem não gostar que vá indo....

Tamborim Zim disse...

Cheers! E gratim:)

Pagu disse...

Cheers para ti também.

Lady Lamp disse...

Ninguém diria que estás perto dos 40. E este post diz tanto do que sinto hoje que às tantas nem sei porque não apago o comentário e pronto. Nada a acrescentar, portanto. :)*

Tamborim Zim disse...

N apagues querida Lamparina, q gosto tanto de ler-te! Ai, olha, isto são os momentos, são os momentos!