terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O mistério da Musa



Ana Paula Arósio
(A terceira foto mostra a atriz no dia do seu casamento.)

Imaginem uma daminha tão mas tão bonita, que é impossível não admirar de todos os ângulos e perspetivas. Um sonho e uma miragem. Essa intangível beleza, entretanto, não se alimenta apenas da sua fisionomia. Expande-se e acentua-se na entrega aos personagens que interpreta com mestria, dramaticidade e graça. Prostituta indomável, empreendedora coquete, mulher moderna apaixonada e amante das artes, professora em agudo sofrimento após desquite, são algumas das vidas a que soprou o fôlego do seu talento com uma infatigável e contagiante energia, na televisão e no cinema, ela que é também uma entusiasta do teatro onde igualmente atuou.

Os seus olhos são dois pedaços do céu mais azul, o sorriso uma constelação de sóis. Uma boneca, uma princesa, um perfeito colírio.

Pelos seus 35 anos (terá lido A Cidade e as Serras?), a bela Dama decide, repentinamente, abandonar a novela que apenas começara, faz as malas e, pouco tempo depois, rescinde o seu contrato com a Globo. Desaparece dos écrans, da cidade, da festa social. O sururu desenvolve-se, o mistério adensa-se, o mundo do espetáculo e da imprensa agita-se, asfixiado de curiosidade.

Finalmente, descobre-se que a fabulosa atriz, com o mundo a seus pés e a fama alta, altíssima, resolvera retirar-se para o seu sítio no interior de São Paulo. Aí casou, numa cerimónia privada digna de conto de fadas, chegando a cavalo ao encontro do seu príncipe, que se aproxima também nos mesmos preparos.

A partir de então muito pouco se tem visto, na cidadezinha próxima da quinta pouco aparece, e quando se avista contam que tenta passar o mais despercebida possível. Vive com o marido e uma assessora, e já foi comprovado por repórteres mais afoitos que o sítio é rigorosamente vigiado e guardado. As propriedades urbanas da atriz foram vendidas, ou encontram-se em processo de venda. Em declarações que se lhe conhecem, diz a misteriosa que não pensa voltar a representar, ainda que possa mudar de ideias no futuro.

O que fará ela durante os seus dias? É a felicidade o que finalmente encontrou, nas sombras do seu sítio, ou o letárgico esquecimento da cobrança e do assédio? O que avistará da sua janela?

Desejo-lhe naturalmente o melhor. Mas é grande a saudade de Ana Paula Arósio, e há uma certa densidade encantatória neste enigma.