domingo, 4 de agosto de 2013

O portento da Pornopopeia

Pornopopeia, Reinaldo Moraes
Ed. Quetzal
Reinaldo Moraes

Cerca de quinhentas e oitenta páginas na conturbada mas e por isso irresistível companhia de Zeca, um "cineasta/roteirista/chave-de-cadeia" que nos leva de uma bafienta S. Paulo à aparente pacatez do litoral em busca de salvação para os imbróglios em série de que é refém, de formas mais ou menos abstrusas e improváveis. Ou não muito prováveis. Ou até um pouco prováveis, mas mesmo assim de espantar um e de o por realmente a mexer para o mais longe possível. O pior é a fuga de si mesmo e do que, nas palavras do autor, se traz "na jaula do peito".
 
Não se engane o leitor na sua casta entrada em tal opípara pornocomédia: seguir-se-á um festival totalmente doido de humor, inteligência, ironia desconcertante e suspense. A minha irmã já me tinha dito que chorara a rir, eu ri muito, alto e silenciosamente, e sorri abundantemente. O registo é inesquecível, sôfrego e totalmente conquistador. Na pureza, leitor, dê várias chances.
 
Folgo em saber que há tantas formas de escrever. A qualidade ao comando da diversidade é tudo o que é preciso e Pornopopeia, mesmo com todo o muito peso do prefixo, tem-na para dar e vender. Curiosa para ler mais deste boníssimo malandro literário, o paulistano Reinaldo Moraes.

E como é bom voltar a ler!

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