domingo, 29 de setembro de 2013

Zim ataca a urna

Tambo vai a votos
 
Ora bem, e neste dia cinzento, um pedacinho opressivo e chuvoso, lá fui eu da parte da tarde exercer o meu direito, e vou de por as cruzetas nos sítios para as autárquicas.
 
Ainda estava na pequena fila e o meu olhar picuinho-satírico lá embateu numa parte da secretária que sustentava as urnas da minha mesa. Pois num bocado de ferro, à frente de um nome de uma pessoa, ali estava ostensiva, ofensiva, ferozmente: "SLB". Hum. Hum, hum, hum. Quando chegou a minha vez lá lancei, galhofeira: "Bem tenho de dizer que não há aqui a necessária neutralidade nesta mesa de votos. Pois há aqui um SLB na mesa". Sorrisos, risadinhas, e em segundos toda a mesa de votos (toda), brincava com os clubes. Eu e a senhora que me dava os boletins chegámos à conclusão que tínhamos as cores trocadas, já que ela é do Benfica e estava de azul e eu do PORTO e tinha uma écharpe laranja e vermelha (linda minha querida amiga L.), e outro simpático senhor confessava que também ele estava todo trocado, já que a sua cor (e apontou), era a do chapéu de chuva de uma senhora que por ali estava (vermelho), sendo os outros dois elementos do Sporting. Chegámos alegremente à conclusão que havia ali a devida representatividade.
 
Nisto, com um ar ordeiro e freirático, vem uma senhora que tinha acabado de escolher as suas cruzetas, e comenta que não é nada hábito estar-se a comentar os partidos de cada um na mesa de votos, e de que cor as pessoas são. Logo ali esclarecemos que, minha senhora, estamos a falar de clubes, eu assumi mea culpa mea culpa, recebendo um olhar sereno-reprovador-condenatório da daminha, mas de facto a observação era totalmente clubística.
 
Depois despedi-me dos senhores da mesa, pedindo desculpa pela minha brincadeira, e eles que nada disso, que também temos de levar isto um  pouco a brincar. E não é? Desejei-lhes bom trabalho e lá fui eu, deixando um dos senhores simpáticos a explicar à senhora de azul a reprovação da outra senhora. (Passei pela FNAC e, graças à festa do cinema, andam por lá umas promoções bem jeitosas. Tive de trazer o Gatsby, porque sou uma fã adolescente do Di Caprio, sempre um estouro.)
 
Agora a sério: serviço feito. PAN para Câmara de Lisboa e Assembleia Municipal e, para a Freguesia, CDU (não havia candidatura PAN para a minha, e não pensem que vou alimentar o status quo do disparate e dos interesses escusos).
 
Vamos lá ver os resultados, as suas leituras, e as suas consequências (que temo sejam insuficientes para esta gente do governo se tocar e ir de varapau para outro lado). Mas todos os passos são importantes.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma palavrinha antes do dia da reflexão nacional começar

Antes da Nação meditabundar o sábado inteiro, cá este blog não vai deixar perder-se a oportunidade de acicatar os seus leitores fartos da bandidagem, incompetência, inclemência e servilismo estéril. No Domingo, considerem a possibilidade de não votar nos mesmos, nesses mesmos responsáveis pelo poço escuro em que estamos. Nem PSD/PP, nem PS camarada. Há alternativas, há gente boa com programas bons. O que é que temos a perder?
 
Voto Paulo Borges para Lisboa. Ajudem o PAN a conseguir resultados merecedores do empenho e da qualidade deste jovem partido.
 
Votem em consciência, ética, e vontade de mudança. Mudança.
 
Disse
 
mudança.
 
Não disse mais do mesmo ou parecido.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Da primeira vez, este poema

António Ramos Rosa


 
Nascimento Último


Como se não tivesse substância e de membros apagados

Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra

E germinar no sono, germinar na árvore

Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa

Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada

No encontro e no abandono, na última nudez,

Respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva

Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível

E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila

E o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços

Entre rumores e rios a morte perder-se-ia

88 anos não é idade para partir

António Ramos Rosa
 
António Ramos Rosa faleceu hoje, e agora que o soube fiquei triste. Recordo exatamente o momento, a altura do dia, o sítio do Planeta (Salvador da Bahia), em que comecei a amar os seus poemas, que se juntavam a uma bela coleção de fotografia. Há 11 anos.
 
Mais um monumento, (e que, quão grande!), que se integra nas nossas memórias, vivências, património, agora puramente imaterial.
 
Salve poeta.

domingo, 22 de setembro de 2013

Sejas bem-vindo, Outono

The Sea from the Heights of Dieppe - Eugène Delacroix

Atenção que este post foi devidamente agendado para as 21:44 hora exata a que, segundo a minha fonte informativa, tem lugar o Outono neste 2013.
 
A glória dourada do Outono é indiscutível, o seu frescor revigorante necessário, a sua beleza elegante de meia-estação, com a suavidade desse estado de graça, evidente. Deste modo, assim como sucedeu no ano passado, vai daqui um grande saravá para o Outono, que venha em bem e por bem. Isto, claro, porque somos do sul da Europa, o que faz com que possamos receber esta estação com a sua doce promessa de amenidade, e não como uma hecatombe de friagem, chuva de pedra incessante, neve, gelo, derrocada, horror e drama.
 
Outro fator tão instigante nesta altura do ano é a oportunidade de deixarmos amadurecer as ideias e planos, as decisões e vontades, as pistas do sonho e a viragem que cultivámos durante os momentos de vagar do Verão. É certo que estou com tanto trabalho até ao fim do ano (e, bem, depois disso...), que não tenho tido a energia suficiente para me concentrar nos meus 7 polos de interesse (disso havemos de falar num qualquer outro dia), mas... Mas a verdade é que é uma altura do ano, especialmente quando se for pronunciando a sua progressão, que incentiva a fruição e produção cultural, a leitura, o pensamento, abre-se uma agradabilíssima sala para o recolhimento. Mas refiro-me ao recolhimento criativo, em que as boas coisas e os intentos positivos fluem, e não ao fechamento depressivo. Como acaba de dizer na TV o Professor Marcelo, "a vida é muito curta". E se é!
 
Resumindo e não baralhando, votos de um felicíssimo, exuberante, glamouroso, surpreendente e fecundo Outono a toda a minha fremente plêiade de leitores.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Do instinto

 
Women in the street -Kirchner
 
O instinto é uma preciosidade que, como todas as coisas que o são, carece de um tratamento cuidadoso. É preciso dar-lhe rédea solta, não o assoberbar com trabalhos, fazê-lo acreditar que não estamos de olho nele. Todavia, há que o ouvir, escutar mesmo, com a atenção com que o ouvido escuta no copo colado à parede. Mesmo que pareça não o ouvirmos, o instinto é tão poderoso, tão acutilante e, diria, tão inteligente, que marca a sua impressão irrefreavelmente.
 
O instinto avisa, o instinto ilumina, o instinto impele, o instinto refreia, o instinto evita e pode salvar.
 
Eu gosto do meu instinto, e cada vez me fio mais no dito.
 
E tenho dito.

Europa do Norte, nós somos mais bolos

Pois, mais uma viagem laborar à bela da Bruxélia. Que até é uma cidadezinha que tem a sua certa e determinada simpatia. Mas, percebem... não passa disso! Antuérpia também pareceu, exceto uma ou outra praça realmente bonita, um pãozinho sem sal.
 
Depois, claro, este tempo que por lá se abate, mesmo que seja no fim do verão, também não ajuda: tudo visto com cinza, ou através de pinguinhos (mais raros, tenho de ser justa), de chuva, ou então vem de lá aquela aragenzinha agreste a despropósito.
 
Enfim.. o que interessa é que o trabalho correu bem, e que trocar experiências com colegas nossos de vários pontos do mundo é sempre muito interessante e especial.
 
Back to Lisbon... Quando ouvi anunciar os 26º do fim de tarde lisboeta, ainda no avião, fiquei absolutamente confortada e refleti que a minha rabugice com o calor também se devia à minha ignorância do desvario europeu nortenho. Apre!

Ocorre-me mais do que desejaria o célebre: "Pobrezinhos mas com sol..."

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Gato, bombeiros e um bairro a assistir

Tenho andado em tantas múltiplas atarefações - e, ok, amiúde preguiça -, que procrastinei indevidamente o relato de um episódio real, passado no meu bairro umas semanas antes das férias.
 
Vinha eu a chegar do trabalho quando, já próxima da minha rua, avisto um senhor de cabelo para o compridote, tipo Beatles, em estranha posição. Pensei de imediato que aquela pose daria uma fotografia tremenda, já que de onde estava o via de cócoras, mas com o corpo cortado, se é que me entendem. Avanço e, quando chego junto do vizinho, paro para perceber.
 
- Pssssiu, comidinha da boa, anda cá - chamava o senhor.
 
Lá inquiri do que se tratava, tipo alcoviteira-desocupada-auxiliadora-melga. Sucedera que o seu gato, apanhando a janela do rés-do-chão aberta, voara para a rua, postara-se debaixo de um carro ali estacionado, e nem à lei da bala aceitava tornar a casa. Nem paté, nem psssiu psssiu, nem as eventuais saudades a tomar posse daquele corpinho teimoso, rien. Sugeri que pusesse o caixote do lixo junto à janela, para facilitar a subida do diabinho, mas qual o quê. Nem caixote, nem "comidinha da boa", nada. Entretanto, o senhor já estendido no chão, quase com a cabeça debaixo do carro, e o estuporzinho imperial.
 
Deu-me pena, o senhor preocupava-se pois em breve a sua companheira chegaria e saberia que o mimoso gatinho se tinha auto-expatriado para a rua. Logo entendi por que razão o vizinho não o arrastou por uma pata: a bicha era de rancores, fazia faaas e fuuus zangados, e disse-se que arranhava. Pessoalmente não sou a maior fã de gatos do mundo, e tenho horror às suas potenciais arranhadelas e aos seus bufares sinistros. Mas o certo é que estava desolada por não poder ajudar. Disse ao vizinho que ia ligar ao gatil municipal, para nos ajudarem.
 
Fui para casa procurar o número, nada. Tive de telefonar à PSP do bairro que, sempre querida, me facultou o número desejado. O gatil que não tirava gatos debaixo de carros, apenas os recolhia a pedido...Excerto da conversa.
 
Gatil - Pois é que nós isso não fazemos...
 
TZ - Pois mas coitadinho já viu, saiu pela janela e os donos estão desesperados a querer que volte para casa, e está a fazer-se noite.
 
Gatil - Se ele estivesse no telhado, por exemplo, recomendava que chamasse os bombeiros, mas eles assim não vão.
 
TZ - Pois, mas vai dar no mesmo, não é? No telhado ou na rua, ele vai ficar sozinho à noite...
 
Liguei para os bombeiros. Fiz o choradinho do gatinho coitadinho perdidinho na ruazinha na quase noitinha. Eles foram mesmo muito compreensivos e gentis, e disseram que viriam. Agradeço muito e volto para a rua da cena gatídea.
 
Entretanto, já havia umas três pessoas na rua, a acompanhar o desdobramento físico-persuasor do vizinho para tirar o gato debaixo do carro. Chamados, vassoura, comida, paté, promessas, nada. Esperámos ainda um bocado, o suficiente para a rua e as janelas circundantes se irem enchendo de gente. Entretanto, os vizinhos em causa tinha a casa para arrendar, e de vez em quando eramos interrompidos por potenciais interessados. Um must see.
 
De repente vimos uma pequena carrinha de bombeiros ao fundo da rua, que virou noutra direção, o que nos deixou preocupados. Liguei para os bombeiros. "Por favor avise os senhores que é na rua X, está bem, é que eles foram para outro lado". Que sim senhor. Lá chegaram junto a nós dois bombeiros simpáticos e com muito boa vontade, e que devem ter achado que seria piece of cake arrancar o demoniozinho do seu reduto inexpugnável. Ah, ah, era o eras.
 
Bufante, lutador, teimoso que nem mil mulas velhas, o facto é que o bom do gato nos mantinha a todos em sentido, e cá por mim só esperava não acabar desfigurada por me meter em aventura alheia. Mas como alheia? Vizinho e seu gato em perigo, o problema é de todos. E como! Bem, os bombeiros concluíram que o bicho era danado, voltaram à carrinha e quando vejo enfiavam luvas grossas até aos cotovelos, e capacetes. Em todo o derredor, entretanto, o bairro vibrava com aquele aparato ,com as janelas de vários prédios cheias de gente a observar o cenário. Já deviam ser umas 7 ou 8 pessoas, eu incluída, atrás do mavioso miauzinho, que só abria a boca para escarrar ameaças. De um lado, uma vassoura acicatava o bichano para um lado, do outro, o bombeiro tentava, muito a medo (e justificadamente), atraí-lo. Concluiu-se que o caso era sério, os bombeiros voltaram à carrinha e trouxeram uma grande rede. O método, entre o estudado e o repentista, consistia em afugentar o gato de um lado para o outro, a ver se saía debaixo do carro sendo, num ápice, artisticamente tolhido pela dita rede. Num repente já estou eu a segurar na rede de um lado, e o bombeiro no outro. Mas qual gato! A mangar escandalosamente de nós todos, ainda nos fez andar de carro em carro, e finalmente do outro lado da rua, já que se fartou da brincadeira e fugiu.
 
Teorias sensatas, preocupadas e exaustas desenhavam-se no ar da noite que entretanto se consumara: que o melhor era manter a luz do andar ligada e sairmos dali para não o stressarmos mais; que ele quando se visse sozinho teria uma epifania e veria que o seu lugar era em casa, etc.. Não sei quantas horas passei nisto. Só sei que entretanto, com várias pessoas envolvidas, horas transcorridas, o insucesso dominante e o meu próprio cansaço, me despedi, desejando boa sorte. Antes de chegar a casa ainda um cãozinho mínimo se vira para mim a ladrar, ao que eu digo ao dono "Ai, por favor, hoje não, olhe que estou à horas atrás de um gato", e logo ali se delineia mais uma conversa, alargada depois a uma outra vizinha (e eu não conhecia ninguém e esta é uma das maravilhas do meu bairro), sobre a rocambolesca aventura.
 
Espreitei pela janela bastante tempo depois, e a carrinha dos bombeiros ainda lá estava à esquina. Incansáveis, sensíveis, e ali a colaborar para ajudar um gatinho teimoso a voltar para os seus donos. Espero que tenha tudo acabado em bem. Se voltar a ver o vizinho, pergunto e conto.

13


Bom fim-de-semana ... é quase 14!


Sexta-feira 13. Uma pessoa não nada supersticiosa, que não é. Facto é que estava já mas fraldas no meu amado bairro quando dou de caras com um gato preto, com aquele andar deslizante e desconfiado dos gatos, rentinho à beira do passeio. Parecia ter um arzinho tão amedrontado, como se adivinhasse que, neste dia, há gente que é bem capaz de lançar mão de um pandemónio de feitiçaria para o não ver, nem aos seus outros primos black.

Por mim olhei-o carinhosamente.

Ainda bem que não sou supersticiosa.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Maravilhas da leitura

Das novas leituras, falta O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge


Já antes de ir de férias tinha partilhado com os meus algodónicos, raros e benquistos leitores que o velho hábito de leitura me reabitava novamente. Aqui e aqui têm um exemplo das minhas fruições dessa altura.
 
Em época de féria campestre sempre foi habitual ler muito, e nestas quase três semanas tenho o prazer de anunciar que li o belíssimo número de sete livros. 7. Este numero disse-me um bocado nestas férias, e espero que continue a dizer... completude, perfeição. 37 anos. 7 livros. 7 frases. 7 polos. Hum, a seu tempo, a seu tempo. Hoje é para os livros.
 
Ei-los aí, na foto acima. O monumento A Descoberta do Mundo - Crónicas, de Clarice Lispector, não integra os 7, porquanto ainda o não terminei, se bem que tenha chegado às mais de 300 páginas ainda em férias. Para além dos livros que podem ver na fotografia, reli A Ilustre Casa de Ramires, do enorme Eça, e o livro com duas histórias Poirot Desvenda o Passado/ O Mistério das Cartas Anónimas, da gigante Agatha Christie.
 
O preferido? A Ilustra Casa de Ramires. Soberbo, refinado, rico, o encanto habitual queirosiano, a expandir-se a cada releitura. Uma excelente surpresa foi Elizabeth Gilbert com o seu Comer, Orar, Amar; não vi o filme, pelo livro posso falar e está notável e tão bem escrito! A minha primeira experiência com Lídia Jorge foi não menos que impressiva e muito boa: O Dia dos Prodígios, o seu primeiro romance com trinta e poucos anos. Grande! Claro que achei 1984 de Orwell um torvelinho genial do equívoco em flagrante, mas dentro do estilo mantenho-me fiel a Huxley (que gostou muito de 1984) e ao seu Admirável Mundo Novo. Relembrar o charme de Agatha Christie, a época glamourosa das suas histórias e a sua mente cheia de inventiva foi um intenso prazer. E quanto à dupla Kerouac/Burroughs E os Hipopótamos Cozeram nos seus Tanques ? São muito bons, sempre a atmosfera livre, rebelde, frágil, ingénua, companheira, rocambolesca e que se cola às nossas memórias com extrema eficiência. Eles bem sabiam o que narravam. E para finalizar, uma mimosura, a singela coletânea de poemas populares de Carolina S. Neves, Pedaços do Coração. Foi publicada pela Câmara Municipal de Pedrógão Grande (saravá, querida Pedrógão), e canta uma vida plena, de uma mulher dedicada à sua família, amigos, terra e talento poético. Os Troviscais, sua terra natal e onde sempre viveu, são descritos com amor, e o apelo da natureza atravessa todos os textos.
 
E assim foi. Um brinde aos livros, e aos que nos desenham estas viagens aventureiras via palavras, para nossa demanda e deleite.

sábado, 7 de setembro de 2013

Na barrinha um genovês

Mas não Marco Polo. Outro viajante via palavras. Parole, pétalas também, para vós. Eugenio Montale.

Chãos

Amada
 
Caetano canta Tom e Vinícius - Eu sei que vou te amar
 
 
Nunca é demais dizer-vos o quanto eu amo o campo. A natureza ali, aberta e verde, imensa para nós, a sós connosco sempre que quisermos porque, bem veem, espaço é coisa que não falta. E no amplo espaço é sabido que se dilata o tempo e a existência distende-se, inchada de conforto e de harmonia.
 
Muitos, muitos passeios, extensas horas a divagar, devagar, de um lado para o outro, entre caminhitos e estradas, com horizonte rasgado ou totalmente coberta de folhas, ramos, troncos e sombra. Inefável, portanto, e esta sensação não a trocava por nenhuma, é-me fundamental e ajuda-me cada vez mais a perceber que gostava de passar a maior parte da minha vida em contacto íntimo com a natureza. A urbana, a humana, pode sempre ter-se, e em alegre transumância.
 
Mudar de vida. Quero muito!
 
Eu sei que vou mudar, a cada volta minha, eu sei que vou mudar... E cada acácia esplenderá, e a luz e os sons, alastrarão imensos, a dizer: eu sei que vou mudar. (Adaptação cómico-dramática de Eu sei que vou te amar.)
 
Ah, o Brasil continua a sambar, a latir, a acordar na minha cabeça. Repercebi com grande emoção que dois dos maiores lugares do mundo para mim são a terra do meu Pai e o Rio de Janeiro. Esteticamente, ontologicamente, existencialmente, em vigor, em beleza, em arreigada necessidade e, claro, em êxtase.
 
Beijo os seus chãos.

Calma, fechem os pacotes de lenços de papel

A Diva voltou!
 
Na verdade já voltei de férias há um pedacinho, mas depois foi o regresso, logo a seguir um saltinho laboral à nórdica Helsínquia, hélas... Uma pessoa fica um pouco tocada com a jeta lega, com a cabra-cega, com o diacho a sete, e quando dá por ela... quase um mês sem dizer alegoria vai. Mil perdões, resiliente leitorado.
 
Mas a loja não fechou. Não, a loja não fechou, e espero que possa sempre abrir-se mais.
 
Já vi que por aqui, para além de novo chumbo do TC (yes!), e de afinal ser possível quinhentas mil candidaturas para câmaras diferentes (mas, atenção, pelos mesmos autarcas...cof...), pouco mudou. Nada mudou, vero? Nem a infâmia dos incêndios, ainda por cima com tantas perdas de vida associadas. O meu sentido saravá aos bombeiros que continuam a lutar, mas lembrem-se que nada vale cada vida.
 
Valha-nos celebrar a grande, magnífica e translumbrante novela da Globo que foi Avenida Brasil. Urso de Berlim para Adriana Esteves, já!
 
Hum... Vou pondo a escrita em dia. Estamos aí.
 
Beijos e abraços tamborínicos.