domingo, 31 de agosto de 2014

Mirai a barrinha, escutai o silêncio..

... o perfurante silêncio de Hilda Hilst, felizmente publicado na excelente página Templo Cultural Delfos.
 
Atente, leitor, e releia.

Assim gira a bola azul

Foi esta a foto


A gente roda muito, pouco ou mais ou menos em passeio pelo mundo, intra ou extramuros, é mundo na mesma, mundo igualzinho, e bastou ver agora uma fotografia linda da página do FB Just Lovely, amantíssima da natureza e mui inspirado lugar online, para que o pensamento me voejasse.
 
Pensei nos veados, nos leões no Krueger Park, a esta hora a passear, ou a descansar, ou a evitar as ávidas lentas dos deslumbrados turistas como eu. Na Avenida Atlântica, o tráfego de sempre de beleza e gosto de estar à beira mar e à beira Rio. Em Veneza, uma foto deve estar a tirar-se timidamente, de costas para a lagoa de S. Giorgio, e fotos espalhafatosas flasharão em frente a S. Marco. No Gerês, caminhantes solitários e gregários suam, sob o mesmo sol, encadeados de fascinação e ar puro, no Porto a Ribeira estará colorida e cheia de cores, com sol e com alguém a fumar, alguém a beber água, alguém à espera do seu almoço, outro alguém a perscrutar um mapa a antecipar o que lhe reservará a tarde em descobertas e palmilhares. Em Serralves, alguém estará encantado com a exposição do Marwan, como eu estive, e noutras salas alguém rirá muito, como eu também, mesmo que para dentro por vergonha. Em Paris, o Sena brilhará, um pouco fatigado do bulício do Verão, mas sempre a dourar, a dourar. Numa rua de Jaipur, pessoas coçam-se no passeio inexistente e meninos lindos riem e correm.
 
Nem quero pensar nem evocar as infelicidades de tantos outros lados, contíguos ou muito distantes  dos citados. Como sobreviver sem egoísmo?
 
Assim vai a bola, apenas um berlinde em mãos misteriosas.

Zim, estou aqui!


- Zou eu!..
(Foto de Zim)

Pareceu-me ouvir uivos do alto de inacabáveis montanhas, penares de mil almas folhadas a arrastar-se dentre indecifráveis breus, nevoeiros adensando-se em augúrios temíveis, todo o Verão fora. E as vozes, e os uivos, e as brumas bramavam, gasosas, tenebrosas, saudosas:
 
- Zzzzzzzimmmmm!....
 
- Onde estás?.....
 
- Ao menos o corpo para velarmos em paz!.... Zimmmm!...
 
Calma, mundo, aquiete-se a vozearia e sane-se de imediato a lancinante chaga nos Vossos bondosos corações.
 
Voltei, ou melhor, estou aqui. Não sei por quanto tempo, nunca sei. Esta Alegoria  é uma alegoria, e o meu tempo e disposição não são de profissional. Antes, é puro amadorismo, puro diletantismo, total primavervismo a gasolina ecológica deste lugar. Mas ah, algodónicos e preciosos leitores, quando estou, estou por supuesto inteiriça, cada post me traz, cada ponto final me leva, mas tal qual a maré. Por falar nisso, já ouviram o Vista Pro Mar, do Silva? Sim? Sublime, não? Não? Não se façam isso, está disponível no Youtube mas o disco merece ser comprado, e sobretudo nós merecemos escutá-lo como se o bebêssemos.
 
Tantas coisas se passaram, decerto nenhuma mais importante que os banhos públicos (bahhhhh...tristeza quando a solidariedade tem de funcionar deste modo apalhaçado), o Mundial (por falar em tristeza), a Primavera que decorreu sorridente, quase todo o Verão... Novidades tamborínicas de que em breve darei conta geral, as férias, a minha primeira ida ao Ermida Gerês Camping, dois anos e doiddias depois de abrir... e voltei lá duas vezes desde Junho! E mais viagens pelo país, cujos retratinhos também deixarei por aqui, porque o solo nacional merece ser calcorreado. Reencontro da cidade amada, visita a novas cidades e lugares... muitos comboios, muitos passeios campestres, algumas excelentes leituras. Sim, mais houve depois do Ulisses! Sabores de bradar aos céus do palato, um espaço encantador de um casal ainda mais encantador, de que em breve falarei com detalhes de bem querer em forma de entrevista...  O meu próprio aniversário esse advento cósmico, cosmogónico e mundial, oh sim, trinta e oito séculos que voaram. E que mais?
 
Estimados leitores, é muito bom voltar a falar-vos, amo saber que estão desse lado a seguir as minhas maluqueiras e snobismos, e é com espantado prazer que verifico que, mesmo em meses em que nada escrevi, as visitas são muito interessantes! Obrigada Estados Unidos, o segundo país, a seguir ao nosso Portugal, que mais lê a Alegoria, obrigada Brasil, e a todos os outros amigos leitores. Estamos aqui. Inteiramente, e por agora. Assim é a vida, camaradas, assim é a vida: inteiramente, e por agora; brinde a que por muuuuuito tempo.
 
Brinde à eternidade!

Ah, que coincidência, vi agora no FB d' A Pipoca Mais Doce que hoje é o dia internacional do blog... eh bien, excelente para voltar, três meses depois!