Às vezes há que rebentar um bocado por dentro, e tudo bem. Trata-se daquele rebentamento hemorrágico e que leva vísceras e ossos. Pior que o da onda, sempre limpa e no seu constante rasgar desvirginante, iniciático. Coisas há que nos partem, não sei se ao meio, se em vários continentes que ameaçam formar mundos novos, países irreconhecíveis, fronteiras intransponíveis, tamanha a dispersão de nós.
Por problemas sérios? Não necessariamente. Mas quando coisas entram dentro, deflagradoras na sua bondade e novidade, no seu poder de se fazerem omnipresentes, dentro do lado esquerdo. A utopia maior, ou melhor, o mais fustigador lugar nenhum é a não vontade, a não coincidência. Normal como normalmente cai a água da fonte, sem se importar e sem plano, sem estética adotada, sem mania, sem decisão.
Às vezes rebentar custa realmente, bombistas de nós, e tudo bem.
É esperar pela ajuda civil.
domingo, 10 de maio de 2015
sexta-feira, 1 de maio de 2015
As árvores de Wolf
John Wolf e o seu ARBOrium (Fotos de Zim) de 29 de abril a 26 de maio de 2015. segunda a sexta feira das 10.00h às 19.00h. Loja Deleme Janelas Avenida Miguel Bombarda nº102 |
Ontem foi a vernissage do querido e mui talentoso John Wolf, como saberão um dos meus diletos entrevistados na Alegoria: ARBOrium é o nome da mostra.
Ultimamente, e para além dos seus livros, no seu FB é vê-lo postar, de maravilha em maravilha, cotovelos, costas, dorsos da cidade, esgares da cidade em jogo incrível de ângulos e luzes. Ontem, saímos da cidade dentro da cidade e através das pérolas arbóreas de Lisboa, particularmente das modelos do fotógrafo, devidamente plantadas, dançantes e soberanamente guardiãs, elas que são árvores, do Jardim da Parada, no meu bairro salvador. Digo salvador, por que se ainda aguento Lisboa é muito por causa de Campo de Ourique.
O John fotografou corações e artérias que ganharam todo o seu espaço celeste e naturalmente tendem a rasgar os limites da fotografia. "Expressão orgânica" pura, como diz autor, nenhuma mensagem para além daquela que será, talvez, uma via, mas também uma demanda. E todas as demandas trazem perguntas e sobretudo, vontades "infotografáveis" de evasão e de maravilhosas diásporas do nosso tão disperso ser.
Ficam alguns registos do momento e podem ver mais na página de Facebook do John Wolf, que é aberta ao público, e onde a graça se encontra escancaradamente viva e elegante.
Vão ver e respirar.
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