segunda-feira, 15 de junho de 2015

Da exaustão

Ando com inexatidões e ausências. Afundo-me em desideias, armo-me em Manoel de Barros. Serôdia, uma parolita só. Muitas parole, tsunamis de palavras que essas, ungidas sejam, nunca faltam. Sofro abstinências de tranquilidade e de vácuos lunares do âmago, de revoluções intestinais e de persistente fastio da aorta.
 
Sinto que é, finalmente, tarde. Tarde para tolerar, tarde para ser tolerada. Tarde para inverter a inexorável curva do meu declinar existencial. Noite profunda e inacordável para que algum remoto arrepio me tire da bruma.
 
Para além de qualquer remissão temporal de qualquer possibilidade de extermínio deste monumento catedralício, desta nuvem mais pesada que a Terra, deste monstro domínio de tédio que eu sou.
 
Tarde para me regenerar do que quer que seja, para me alegrar genuinamente com alguma coisa, para aprender e também tarde para esquecer.
 
Fosse tarde, tardíssimo, para me aborrecer tão extensamente.