sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Declaração de amores

Cícero e Silva


Phill Veras




Já sabem que amo o Brasil como se fosse o meu outro país, é a Nação com a qual mais tenho afinidade com Portugal, e sabem ainda mais que, para mim, a Música Popular Brasileira é uma das coisas mais belas e importantes: artisticamente, esteticamente, espiritualmente, existencialmente, adoidadamente.

Posto o introito com advérbio de modo inexistente, cabe elucidar que, dentre as novas gerações musicais brasileiras, há três meninos que destaco pelo seu infinito talento, pela sua perturbadora criatividade, por serem um orgulho para qualquer cultor da beleza e do que inunda de uma forma inominável (amor?). Esperem só um pouco mais.

Não me subscrevendo reacionária, sou das que defendem com absoluta certeza ser impossível ultrapassar génios como Tom Jobim, Caetano, Djavan, Gilbertos, Chico, Caymmis, Milton, etc.. Mas a música flui, e no Brasil há a arte de beber o passado, brincar com o presente e dar-nos sínteses perfeitas onde a indefetível elegância pisca rasgadamente o olho à provocação. São outras genialidades de diferentes génios.

Não me alongo (mais). São estes três príncipes compositores e cantores, por ordem etária, o arquiteto fenomenal de ambiências azuis melancólicas como fadas, com laivos de eternidade, Cícero de seu nome, 29 anos, natural do Rio de Janeiro; o marítimo sonar solar com batidas de dilatações cardíacas transplanetárias, Silva, 27 anos, do Espírito Santo; o mago do momento êxtase e embrilunado de poesia do encantamento, Phill Veras, 23 anos, do Maranhão.

Podem e devem pesquisar os discos inteiros dos três, mas deixo uma song de cada um.

Eles nunca saberão a imensa companhia que já me fizeram, por vezes em momentos a raiar o desespero. Nunca suspeitarão do prazer que me deram, e dão, nem do sopro de vida que trazem. Gratidão é pouco, amados.

Saravá, fabulosos.


 
Silva canta Capuba

Cícero canta Frevo Por Acaso

Phill Veras canta Vício



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sírius






Sírius, amigo amado
 
As palavras fraquejam sempre quando mais seriam precisas. Como as ações, tantas vezes. Talvez demasiadas vezes contrastemos a importância de palavra e ação. Mas esta mensagem não é sobre isso, pelo menos na sua essência.
 
Hoje tenho a certeza que recebi uma das piores notícias da minha vida. Deixou-nos o Sírius, o cão amigo, amado, fiel companheiro do meu irmão e da minha cunhada, e também nosso amigo, amado e companheiro, nós que somos também, ou éramos, a sua família. O Sírius já tinha Leishmaniose canina quando foi adotado, e disseram aos seus futuros companheiros que tanto poderia viver por mais um mês, ou um ano, indeterminadamente. Viveu cinco. Cinco anos felizes com espaço, amigos, família, mudança de casa para o esplendoroso Gerês, onde foi mimado e cercado de atenções por fãs de todo o mundo.
 
Ele bem mereceu o que teve nesse período da sua vida, porque deu muito mais. O Sírius foi o cão que mais gostei na vida, e era um dos três animais que eu mais gostava, com a minha Paloma e a sobrinha Sombra, duas gatas marotas e que me desmancham de paixão. Como o Sírius, exatamente, fazia. Haviam-me contado da sua personalidade única, de uma afabilidade e disciplina perfeitas, de um sacrifício altruísta e comovente para agradar, em detrimento do seu próprio conforto. Dos seus abraços com a sua carinha encostada a nós, da força desse afeto físico que abundava nos olhos e em cada milímetro do seu ser, da alegria com que nos presenteava no encontro.
 
Quando o conheci, há cerca de dois anos e cinco meses (parece que foi toda a vida, como tudo é tão estranho!), confirmei e ampliei tudo isso na minha relação com ele. No dia em que o conheci, deitei-me logo com ele no chão, e desde aí somaram-se os mil abraços e beijinhos, foi amor e paixão ao primeiríssimo olhar, porque ele tinha a bondade, o talento, o carisma e a natural disposição de um Príncipe para se fazer amar e admirar. Nunca um animal mais gentil, mais paciente, mais gracioso, mais incansavelmente defensor dos mais fracos, fossem animais ou humanos. O Sírius estava sempre junto a quem pudesse precisar da sua presença imperial e dócil, do seu porte impressionante e da sua passada leve e fiel, do seu olhar a derramar oceanos de ternura e de mensagens indizíveis e maravilhosas.
 
És a mais brilhante das estrelas, Sírius, como a que leva o teu nome. Eu sei bem que, se pudesses, arrastarias este mundo e o outro para ressuscitar e voltar para os nossos braços, para a tua casa, para os teus passeios e para pedires guloseimas a este mundo e o outro também, para nos protegeres de tudo. Sei que moverias montanhas com a tua força e com o teu poder, com a tua serena graça, com a tua lealdade sem defeito.
 
Gostava de te ter podido dar o meu abraço nas tuas piores horas, Sírius. Gostava de te dar eternidades aqui. Amaria ter passado mais tempo contigo, e só posso agradecer-te, meu amor, toda a tua perfeição e a tua grandeza. Quisera um dia ser recordada com um mínimo do que tu serás, sempre, por nós. Amo-te muito, e para sempre.
 
 


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Reprovação


 

Reprovada


Chega-se a conclusões

Todos têm teorias

Familiares, genéricas, transgénicas, psiquiátricas, psicológicas, podológicas, fodológicas

O Diabo

Tudo para, ao fim e ao cabo

Sempre da tormenta, jamais da boa esperança

A verdade bater com as mil raivas ressentidas da maré na rocha em pedaços milenares

Eu não sei ser

Não sei ser

Simplesmente

Dificilmente

Não sei ser

Foi coisa que  nunca aprendi, como às matemáticas

Inculpe, é burrice

Por isso sofro

Por isso como

Por isso não corro

Portanto  morro

Mais depressa que o minuto, que o romper da chuva

Que o piscar do olho da Sombra

Esta mescla, esta incerta

Merda

Nunca teve, nem terá

Qualquer manual

Mesmo os teus olhos, que passaram

Não o eram

Nem os abraços se interpretavam

Não há guia

Para ao cegos do coração

E do juízo

Que me importa o que seja,

O que voe

Sondar o que se deseja

Analisar circuitos equivocados de uma vida?

A dor é uma via láctea de mágoa

E a alegria, uma ilha

Eu não

Sei ser

E mais, amigos

Queridos

Não posso escrever

Nem fazer

Porque tudo o que eu posso

Porque tudo o que eu sei

É não saber

Ser

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Da delicadeza tão essencial na política

A falar é que a gente se entende, Pá(f)!

 
Eh pá mas não se entendem o quê pá! É à biqueirada tomar a AR, é coordenar, é legiferar, é sacar apoio aos compadres "euroeufóricos" como diz o meu querido colega J. !
 
É tirar o páf e o puf, dar puxão ao tapete, que a onda é de guinada. É guinar, qual não sei quê das eleições, e do voto do povo. O povo também não escolheu o PP, nem o PP para vice-primeiro (que fantástica figura de estilo!), e aguentou.
 
É desarredar e ir para a frente e ouvir o Varoufakis, que bem fala mas, como simplesmente tem garbo e inteligência e não amocha, lá saiu das negociações e de um governo que tanto dele precisaria.
 
Yanis, se quiseres, aqui em Guimarães, etc.... O berço da Nação e tal...
 
 
 
Para os leitores que não saberão, estou a viver em Guimarães desde maio.

domingo, 4 de outubro de 2015

Pafffffffffffffffffffffffffff - Bafffffffffffffffffff

SOS


Caro Povinho,

Alegra-me saber que a Vossa vida vai de vento em popa, e que a estabilidade vos apraz. A sério, é reconfortante saber que há vidas felizes e a quem o atual estado de saque não molesta.

Compreenderão, porém, que para muitos Portugueses, onde me incluo, que estão a ser roubados e desrespeitados diariamente, e com a soberania nacional empenhada à Banca, este dia seja de esfrangalhar os nervos.

Considero tornar-me mais uma Portuguesa pelo Mundo, já que esta preferência pela desgraça me desarranja.

Obviamente, vomito.

Alegoria regressa...no Dia Mundial dos Animais - e as entrevistas que tais


Mais um dia Mundial do Animal, 4 de Outubro de 2015!...
…e mais entrevistas do imaginário que espelham fielmente o mundo real. Ora vejam!
 
Resolvi sair outra vez pela rua e inquirir as pessoas sobre os animais: direitos, ser, consciência, etc.. As extraordinárias perguntas e mirabolantes respostas, mescladas de pinceladas um pouco bolorentas de “senso comum” seguem abaixo para vosso deleite, para vossa esquizofrenia e, quem sabe, para um repensar. Em inglês…think again.
 
O tecnicista
Tamborim Zim – Bom dia, pode responder-me a uma simples pergunta como esta: acredita na consciência animal?
O tecnicista – Quê, hum… Ah, consciência animal. Ná, não. O pensamento é exclusivo da raça humana.
TZB-bom, o pensamento tal como somos capazes de o…pensar. Mas referia-me à consciência, sabe que um Manifesto da comunidade científica, assinado em Cambridge, 2012, por neurocientistas, neurofisiologistas, etc., concluiu que os animais têm consciência e a expressam, em muitos casos de forma muito semelhante à dos humanos?
O tecnicista – Não vi esse programa, mas o ser humano é que é racional, é isso que nos distingue dos animais.
TZ – Hum… E que me diz ao consumo massivo dos animais para servirem de alimentação?
O tecnicista – Ora nem pode ser de outro modo, se não onde é que a gente os punha? É que o planeta já tem gente e bichos que cheguem. Aliás, se não os comêssemos, muitos deles já nem existiam.
TZ – Sucede então, digamos, um pequeno favor dos humanos aos animais, ao comê-los?
O tecnicista – Ai pode crer, pode crer. Veja as pradarias, veja a terra e mais terra que serve para pastorícia. Não fôramos nós, nem existiam.
TZ – Mas não julga que é a produção intencional e massificadora de animais para comer que resulta nessa sobreexploração de terra, e na existência de um número não natural mas exatamente fabricado dos animais?
O tecnicista – Pois, mas tem de ser, é a cadeia alimentar. De outra forma nem existiam, assim sempre vão pastando.
 
O toureiro
TZ – Salut, bom dia, vinha tirar-lhe um minutinho para lhe perguntar o que acha sobre os direitos dos animais.
O toureiro – Ai, por Deus, por Deus, vocês são muito chatos com isso pá.
TZ – Ora, mas como assim?
O toureiro – Acho muito bem que lutem pelos direitos dos animais, pá, eu próprio tive uma cadelinha que era um mimo,  Lizinha, por 15 anos! 15 anos, veja bem, nunca lhe faltou nada e ia ao veterinário e tudo! Mas agora contra o toiro! Contra o toiro eu não admito! Baf!
TZ – É preciso apaziguar, é preciso apaziguar um pedaço. Não somos contra o touro, mas pró-touro. É por isso que somos contra as touradas! Tourada é coisa que se faz com touro, correto, não é sinónimo do boi.
O toureiro – Olhe minha senhora, eu não estou aqui para ser ofendido. Haja respeito! Do boi?! Vocês dos animais são mesmo muito ignorantes e duros de entendimento, para além de republicanos. Não é boi, é toiro! E saiba, minha senhora, que se o toiro existe o deve a nós, aos aficionados, aos apaixonados pelo toiro, que é força de caráter, nobreza e galhardia! Vocês nunca compreenderão os meândricos corredores da mente do toiro, do seu olhar, da sua ancestralidade!
TZ –  Mas compreendemos perfeitamente aquela parte do touro que sangra, em chaga, quando é espetado pelas vossas bandarilhas lúdicas mas que rasgam. E os seus olhos choram, isso também é percetível sob mirada atenta. Além disso, vocês bem sabem que os maus tratos da tourada não se esgotam na arena: antes, durante e depois. Drogas, anestesias, horas e horas em dores e febre antes de morrerem! Não lhe parece indigno tal tratamento?
O toureiro – Minha senhora, informe-se! Vá à Torre do Tombo pesquisar os vetustos incunábulos do saber, onde está sacramentado que o toiro é adulado, em êxtase, antes, durante e depois! É todo um ritual magistral de sacrifício e de demonstração de coragem que escapa às vossas simplórias vistas. Defendam mas é o gatinho e o periquito e deixem o toiro a quem o trabalha…cof, a quem o merece!
TZ – Porém, poderíamos atrever-nos a contrariar que coragem seria estarem a sós com o touro, com iguais instrumentos. E ainda assim não seria coragem mas apenas puro ataque, não lhe parece? Quem provoca quem, afinal? E na arena tudo o que não se vislumbra é igualdade de forças…
O toureiro – Ah pois não se vislumbra porque há é muita desigualdade, o toiro é uma besta de força, rebenta com tudo se não for devidamente tenteado, toureado, dominado, o toiro é um mundo!
TZ – B-bem…muito viçoso não há de estar com o tratamento a que é sujeito antes, durante e depois… Mas diga-me, em relação à questão do direito, ou da ética mesmo. Não compliquemos, do direito, vá: acha que temos o direito de nos divertir com o sofrimento animal em praça pública – ou privada?
O toureiro – Mas minha senhora, qual sofrimento?! É que vocês agarram-se a esses mitos urbanos e não despegam! O toiro gosta, o toiro ADORA aqueles momentos solenes, em que invoca toda a força dos seus antepassados para fazer o que sabe fazer: estraçalhar o seu oponente, se o deixarem. O toiro ama a toirada, ponham isso na cabeça, por Deus!
TZ – Mas o touro não quer atacar, ele é exposto a um hórrido jogo de provocação visual e física para que ataque, e de forma lúdica, para gáudio da assistência e dos intervenientes humanos.
O toureiro – Oh, céus, o que tenho de ouvir. Gáudio, minha senhora?! Que Deus lhe perdoe. Sabe quantos toureiros já perderam a vida durante a sua missão, ou ficaram incapacitados? De missão, de sacrifício se trata, é espinhoso, mas é tudo minha senhora, é tudo, é o sangue a escorrer, a rebrilhar, o animal a arfar, a bandarilha a dançarinar, a pega, o aplauso, a lágrima. Gáudio! Missão, minha senhora, missão!
 
 
A desconectada
TZ – Boa tarde! Será que pode dar-me aqui uma resposta rápida? A pergunta é: os animais têm direitos?
A desconectada – Boa tarde. Sim, já têm, não é? Acho que li ou vi numa reportagem ou assim…
TZ – Estilo decreto?
A desconectada – Não quero mentir mas parece-me que sim, que se decretou qualquer coisa, que têm direitos, ou que não são coisas, ou que também pensam, uma coisa deste género.
TZ – Nesse caso, e como hoje se comemora o dia mundial do Animal, o que é que acha de continuarmos a utilizá-los como se coisas fossem para comida, bebida, roupas, sofás, sapatos?...
A desconectada – Ai é o dia, hoje? Desconhecia! Mas usados para sapatos não, agora não é tudo sintético?
TZ – Não mesmo.
A desconectada – Ah….Olhe não sabia.
TZ – E assim para comida, bebida…
A desconectada – Para isso ainda não se pode dar alternativa, é preciso muito mais soja.
TZ – Mais soja?
A desconectada – Sim, até não haver mais soja, pelo menos parece-me que foi o que ouvi num destes meses numa rádio, mas aquilo também não estava bem sintonizado… temos de comer animais.
TZ – Com direitos, consciência, sofrimento animal e tudo?
A desconectada – Ah mas eles já não sofrem nada pois não? Pelo menos…
 
O equilibrado
TZ – Olá boa tarde! Uma questão: sofrimento animal, sim ou não?
O equilibrado – Ora essa, boa tarde! Eh eh, claro que não, não é?
TZ – E animais para comer, vestir, calçar, beber, brincar, sacrificar em arenas?
O equilibrado – Eh lá, aqui já temos muitas camadas de análise, muitas camadinhas… Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
TZ – Mas não resulta tudo em exploração e sofrimento animal?
O equilibrado – Pois mas eu também sofro, e você também…O sofrimento faz parte. Há coisas e coisas.
TZ – Como por exemplo, pode concretizar?
O equilibrado – Por exemplo, o meu bifinho à cavalo (não morre o cavalo, hã, eh eh), que coisa mais maravilhosa! Vou deixar de comer porque morre o animal? Morrem cem mil, morrem cem milhões de animais e de pessoas! O meu queijinho? Ai, ui, a vaca é destratada, vou deixar o meu queijinho e o meu requeijãozinho? Minha senhora, é a lei da vida, não há que incorrer em fanatismos.
TZ – O fanatismo seria, nessa ótica, acabar com toda e qualquer exploração dos animais?
O equilibrado – Pois claro, isso é coisa do Estado Islâmico, qualquer dia tenho o cachaço em ripas por comer o meu queijinho…Cá isso não, que não alinho em extremismo.
TZ – Mas não consideraria extremismo, desde logo, o ato e o pensamento de matar um ser vivo que sente, como nós, dor, prazer, medo, segurança ou insegurança, afeto, stress, alegria, para o comer, quando não precisamos? Temos alternativas com valor nutritivo mais do que suficiente no mundo dos vegetais, como sabe…
O equilibrado – Não sei não que isso não está provado…
TZ – Está está… De cidadãos comuns a atletas de alta competição, a dieta vegan é comprovadamente saudável desde que, naturalmente, combine os nutrientes necessários.
O equilibrado – Minha senhora, tudo o que é demais faz mal, é o que lhe digo. Demais é, por definição, demais.
TZ – Veja este cenário: os animais existem, possuem sistema nervoso central, têm os seus habitats, os seus comportamentos, medos, fadigas, alegrias, famílias. Nós chegamos e, pumba, matamos para comer. Não concorda que este é que é um ato desproporcionado, violento, vil, excessivo? Quando para satisfazer apenas o paladar e o hábito, se mata quem sente como nós? Quando não precisamos?
O equilibrado – Minha senhora, volto a repetir, tudo com equilíbrio. E quem sabe se precisa do meu bifinho ou não sou eu, eh eh. Temos de levar isto também um pouco na paródia…
TZ – Equilíbrio, por exemplo, como dar apenas uma ou duas estocadas em metade do número de porcos que consumimos, ou dar um tiro entre os olhos de apenas um quarto das vacas assassinadas todos os dias?
O equilibrado – Não ponha palavras na minha boca, minha senhora, ora… haja bom senso!...
 
A consciente
TZ – Boa tarde…Desculpe a fraca voz, estou no final de uma série de entrevistas, diria que desconcertantes. O que pensa sobre o direito dos animais?
A consciente – O mesmo que penso sobre o direito dos seres humanos: existe, tem de ser exercido e preservado.
TZ – Quer com isso dizer que concorda mesmo que os animais têm direitos?
A consciente – É tema que não se oferece à concordância ou à discordância. Têm direitos morais integralmente afetos ao seu ser, à sua senciência, à sua infinita capacidade afetiva, de compreensão e de expressão, à sua consciência (tão tardiamente demonstrada, esta última, no Manifesto de Cambridge)!
TZ – A senhora está a gozar comigo? Decorou o texto, ou… Sabe mesmo isso de Cambridge, e defende um tratamento de igual respeito pelos direitos humanos e animais não humanos?
A consciente – Sim, claro, caso contrário estaria a trair as capacidades da minha humanidade, que me trazem entre outras coisas a possibilidade de compreensão fina e detalhada de como funciona o mundo e os seres vivos, a obrigação ética de não fazer outros seres sencientes como eu sofrerem, e a obrigação moral de zelar para que sejam salvaguardados da ganância e da ignorância (forçada) de tantos homens.
TZ – Que encanto poder encontrá-la ao fim deste dia! É vegan, então?
A consciente – Sou vegan e ativista. Participo em eventos de sensibilização, contribuo como posso para a causa animal (dentre causas humanas também), tenho o meu grito e a minha palavra bem presentes e procuro participar em projetos educativos que desde cedo possam veicular todas estas ideias tão simples mas tão difíceis de absorver por uma sociedade imbecilizada, dorida e doente. Ser vegan é mesmo o mínimo.
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Nunca haverá um feliz dia do Animal até haver companheiros não humanos sujeitos a abandono, escárnio, matança e atividades criminosas como lutas de galos, touradas e afins. Ter isso presente determina a evolução ou a marcha à ré da nossa humanidade. Posicione-se, leitor, porque só fecha os olhos quem quer. E o coração é ainda mais duro de fechar, quando se sabe, pensa e sente.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Das eleições que era tão bom não fossem da treta

Rápido olá, algodónicos, perdoem as distâncias, ando Além.
 
Sobre Domingo: vai dar sempre errado enquanto não nos livrarmos dos estorvos do costume. Por que esperamos para dar oportunidades a outros? Ah para isto não ir a pior - já foi. .Ah, seria o fundo do poço a avizinhar-se - grata, já lá estamos. Fogo, olhem para o resto da lista dos eventuais, como diz a minha querida J.​ , e escolham um nível de decência mais insuspeito. Alguém que, pelo menos se errar, não o tenha feito e refeito antes, até à exaustão. Fogo! Apesar de tudo e de o Prof. Paulo Borges já não integrar o partido, tenho a certeza que com toda a sua razão por questões de Direção,  votarei PAN. Pelos princípios e pela importância da sua representação parlamentar.
 
Não se esqueçam, não vão de dedos e cabeça feitos acriticamente, pavlovianamente - mirem a listinha, por quem são!
 
A coisa está demasiado preta para discos riscados com repetições estúpidas. Larguem a droga.