sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A menos de 24...

 
Robert Reid - Fleur de Lis
 
... horas, não tabefes, imaginoso leitorado!
 
Muito próxima de abraçar aquela ideia, aquela velha e sempre renovada noção de ter tempo, tempo, tempo... para fazermos o que queremos e só.
 
No meu caso, vai saber-me a seitan! Depois de uns últimos tempos tenebrosos, ando a reconquistar a minha natural audácia e noutro dia, ao caminhar para o trabalho de manhã, só pensava em quanto é importante termos a consciência de sermos livres. Sê-lo é, desde logo, assumir a consciência, dentre tremores e tremuras, receios e agruras, de que podemos e devemos autodeterminar-nos. Em liberdade, o que para mim significa fidelidade ao nosso fundamento. Se tudo for pelo cano, se a vida entortar, se sombra de euros não virmos um dia? Teremos de nos levantar. E relevantar, e relevantar e revolutear todas as vezes para não só nos sabermos, mas sermos, um complexo dinâmico de inesperada deflagração de vida e de resposta. Mas já me deixei levar pelo ribeirinho fácil da minha vervalhada... (Ah, e a Sara Carbonero não está cada vez mais bonita??) Bom, dizia que me saberá a seitan. E bem literalmente porque, aliás, já o comprei. Entre outras belíssimas provisões para quase vinte dias de campo, campo, puro campo e mais campo. Passear pelos bosques, andar de carro com os meus amados dentre as serras, fazer piqueniques na floresta, ler embrenhada no verde, ler na rede, ler nas folhas-sublimes-mãos das acácias... Regar flores, regar feijões (espero que os haja na horta), regar-me também. Fotografar a respiração da terra, competir em atenção com a aranha, vagabundear somente. Cozinhar com calma e improviso, surpreender com novos pratos, almoçar na varanda com um cenário de desenho animado... casinhas dentre pomares, casinhas dentre arvoredos, casinhas sobre colinas e debaixo de uma tela azul de céu. E aspirar a noite, e respirar as estrelas, deixar que invadam tudo, o quarto, a casa, as paredes, ver as casas como estrelas ao som dos grilos e do silêncio perfumado das rosas entreabertas e das borboletas poetas.
 
Nem quero pensar no momento de regressar de lá. Porque, mesmo com três viagens laborais para três destinos instigantes (especialmente um deles, vá, porque amo Veneza) logo a seguir, tudo isso me parece francamente pouco comparado com a grandeza daquele campo, o meu campo, aquilo que penso quando penso em campo. Por isso, serão dias a tecer e a fruir mui longamente, esperando que me facultem luzes, que me enviem sinais, que me ajudem a prosseguir o melhor possível enquanto ser livre, esteta, doido e ético. Que é o que sou, e o que quero ser.
 
Vou redigindo tamborinices, quando me aprouver, no descompromisso de sempre da Alegoria.
 
Entretanto, milhões de votos de maravilhosas férias para os meus queridos leitores, de todos os cantos da ecúmena (e sei lá se não de Marte, Júpiter, Plutão)!

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