sexta-feira, 25 de abril de 2014

Outro 25 de Abril

Dez anos. Bandeiras nas janelas, um país em êxtase, mas isso teria sido depois. Primavera de túnica vermelha e fita, aquela aragem fria e a camisola. Onde estará a camisola, e o cheiro, qual será a memória do Tejo a respeito? Testemunha do silêncio e do verso. Uma Primavera sem estiar, bilhetes,  adeuses, offline.  O meu coração batucada, percussivo como nunca, acho, nunca. Chocolates, tarde, surpresas, mousse, história, CV na mesa, e a sucessão do abandono a perfilar-se na outra margem, numa Outra Margem que desconhecia. Dez anos, Abril, "ao luar e ao sonho" de Campos, Pessoa, ainda bem que existes e me nos compreendes. O tempo revolve-se, hirsuto como sobrancelhas, às vezes melífluo como licor.
 
Sim, Kant, liberdade para a Liberdade.  Que seja sempre essa a bandeira nas janelas e a flor nos corações em Abril. Qualquer Abril. De qualquer pessoa.

Sem comentários: