Hoje andava na rua ao fim da tarde
Naquela hora
Que podia ser aquela Hora
Em que tudo é ainda possível
Na vida
E pensei que amo
O silêncio sepulcral
A escuridão de corredores compridos
A insonorização do desconforto
O meu roupão Outambo-Inverno é silencioso
Aquele princípio de noite debaixo da ponte
Foi também silêncio, no início e no fim
Como será o silêncio dos que se perdem da vida,
Dos humildes que já não conseguem mais,
Que não conseguem tentar conseguir?
Deve ser muito comovente, como um silêncio de órfãos
De pombas abandonados, de gatinhos afogados no rio de Couros
Somos tão incrivelmente pequenos
Tão inexoravelmente crianças
Amo o silêncio
Sepulcral
Se for uma, turva embora,
Mas clarividente
Antevisão da minha morte
Menos mal
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