quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril

- Verve à vista!...

38 anos de 25 de Abril. Há 8 anos era o 30º aniversário. Que distante tudo, e tão próximo, tão ontem, tão em casa a escolher a túnica. Nove e meia da noite debaixo da ponte, " ao luar e ao sonho", brrrummm, já tão para trás. E a noite, e os dias de noite, e as ruas e tantos carros familiares, e a treva fria, e o Verão que frio, e o Lulu Santos a cantar "dê um jeito de telefonar, apareça, preciso ouvir a sua vozzz". Ah, o Euro, a inacreditável derrota com a Grécia, 8 anos depois ambos derrotados.

Mas a reminiscência expande-se, exalta-se com o depois. Corta-se a erva e a seiva bela e bruta escorre e a vida colore-se de tons inusitados, inverosímeis, e nasce um estilo, renasce um estilo, a vida é devorável e saborosa e carnuda e gigante, na sua impiedade pueril. Quantas estradas, quantas demandas, quantos professores e alunos. Quantas flores, 100 rosas. 100 mil não bastariam. A não vontade é uma das coisas mais fortes e genuínas, respeitável na sua inteireza pura. Mas descolonizar, oh descolonizar...exige tantos cuidados, tantos abraços nos adeuses e promessas de companhia pela vida!

A necessidade, a reveladora e sublime necessidade de alegria, de um trópico inexaurível no peito eivado de confusão. Vida, uma Primavera. A não cogitação sobre perdão, o esquecimento acessório. Mil colóquios comigo, arrazoares sem número e sem contenção. É o jardim, o jardim, o jardim, escutem, o jardim da humanidade, o que floresce e frutifica, o que canta para nós via pássaros, o que refresca nos regatos e nos verdes densos onde o sol se pousa e de onde se ausenta para as sombras, para as sombras que albergarão contudo vida e outras luzes horas depois. Até daqui a mais 8 anos, ou 100 anos depois. Em qualquer regime de paixão. Por todas as páginas da Constituição dos amores.

E a vontade, a vontade cerebral, com assinatura formal da pulsação, do genuíno, do autêntico, do forte, do que vale a pena. Do que é muito e recíproco, dedicado e fluído. De onde o afeto abunda como fetos, como avencas, como acácias bandidas e lindas, ávidas de mais terra e dos nossos galanteios por elas, elas que pendem, que dançam, plenas e leves como o ar. Assim vamos. A vida é mais do que uma Primavera. É uma Primaverve. E ferve, sim; ferve mas amiúde conforta nas suas surpresas. A grande aventura continua. O mar que deflagra, a eterna bandeira viva do novo.

Pode parecer estranho este post, nesta data. Mas, inauditos leitores, nunca saberão de quantas liberdades o 25 de Abril se compõe para mim.

Viva a liberdade. Viva a dignidade. Viva a demanda. Viva o amor. Viva a felicidade. Vivamos mais ternos e ágeis e mais despertos. Vivamos.

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