Hoje estava a sair do trabalho e, enquanto andava, ouço uns gritos altíssimos de uma rapariga que passava do outro lado da rua. Aparentemente, ralhava com o volume alto que saía de um carro. Mas o curioso é que continuava; a ralhar, a gritar, a gesticular pela rua, numa raiva descontrolada. Jovem, vestida normalmente, ei-la com ar perdido e de um desconchavo preocupante. Eu continuava o meu caminho mas percebendo-a, mais ao longe, naquele estado, dei conta do sucedido a um polícia que estava ali por perto, alertando que a moça preciava de ajuda. O agente, sem grande convicção, tentou no entanto, com alguma insistência, chegar à fala com a desesperada rapariga. Esta, sempre muito assertiva e com voz forte, garantia que não falaria e afastou-se. Nessa altura abandonei a cena e segui.
Fiquei a pensar que se calhar devia ter, eu própria, tentando falar com a estranha transeunte, mas parecia-me tão alterada que tive receio de promover uma cena ainda pior e, pior, em impotência extrema. O que é que se faz num caso destes? 112? Resta-me esperar que não faça nada contra ninguém, nem contra si mesma. As pessoas estão doentes, e é doentio não podermos, aparentemente, fazer nada.
São precisas instituições para acolher e trazer à razão os bêbados da rua, os loucos, os desesperados, é preciso não deixar estas pessoas amotinadas à sua sorte. Urgente.
3 comentários:
Por momentos cheguei a pensar que eras tu que estavas aos gritos na rua.
N. Mas nunca se sabe. Sou mais eu.
Claro, um dia destes algo pode acontecer. Contra o desespero, claro.
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