domingo, 28 de julho de 2013

Primeira Nota - Nada a Dizer

Nada a Dizer - Elvira Vigna
Ed. Quetzal

Elvira Vigna
 
Ah, mas várias coisas a dizer sobre este livro impressivo de Elvira Vigna, uma bela carioca que nos seduz progressivamente ao longo da teia finamente, quase exasperantemente urdida pela narradora desta história.
 
Foi um daquelas encontros felizes em plena FNAC. Estava a comprar livros para oferecer, e eis que bato com as retinas na capa, no título, e na nota "A melhor escritora brasileira viva". Eh lá, pensei. E trouxe o livro. Não me prendeu logo mas, como li ontem já nem sei de que autoria, amores que crescem lentamente contam com a proteção astral. Mais ou menos assim. A narração é eminentemente psicológica, e desenrola-se durante quase um ano. Mas é um quase ano em que sentimos com uma inquietante exatidão a tensão atmosférica da vida de um casal de meia idade, permeada pelos efeitos arrasadores da traição: para o que trai, para o que é traído. No meio de tudo isso, a indagação pessoalíssima de quem conta a história sobre a sua própria desesperança controlada, o percurso pelo mundo, e o apelo mais fundo do que, afinal, deseja. Uma escrita interessantíssima, demorada a um tempo, e acutilantemente objetiva, por outro lado.
 
Registo uma vez mais o penoso, danoso, e acho que inconcebível atraso com que se publicam em Portugal as produções literárias do Brasil. Neste caso, pelo menos, uns dois anos depois. Estamos no séc. XXI, camaradas!

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