segunda-feira, 26 de maio de 2014

Silva, Vista Pro Mar - É favor parar tudo, preciso dizer o quanto amei

 
É Preciso Dizer foi a primeira do disco a apaixonar-me, com esta batida que cai como... cacau, festa, avião a jato, sei lá... 
 
 
Meus caros, há aqui "acontecência", e da melhor. Já tinha ouvido desatentamente uma música, e ouvi falar muito bem. Mas hoje, sabem, hoje, a doçura das coisas presentes e que, revelando-se, também nos reinauguram. Hoje fui à FNAC e atraída pelo destaque, pelo nome, pelo título, pela capa, quis ouvir um pouco. Trouxe-o, evidentemente, comigo.
 
Este novo disco do brasileiro Silva, Vista Pro Mar, foi lançado num ainda jovem 2014, com gravações em Vitória, no Brasil, e Lisboa, Portugal. Quem faz isto aos 25 anos já tem de ser um músico gigante. Nem sei por onde começar.
 
Vista Pro Mar é uma arquitetura sublime em cada faixa e no seu todo, uma prodigiosa engenharia sintetizadora da mais cativante e elegante eletrónica e do intemporal, perfeitamente tangidos pela voz tão bonita de Silva, ora distante ora bem perto do nosso ouvido. Tem a modernidade em flecha e um travo enxuto dos 80's, num torvelinho emocionante difícil de conter. Silva disse que queria um disco com "cara de praia". Sim, mas é muito mais do que esta aparentemente simples alusão poderia deixar supor. Este disco é um mar a invadir-nos os olhos e todos os sentidos, desde a frescura levíssima do Báltico não se apossara de mim uma tamanha sensação marítima de aventura e delícia. Vista Pro Mar inclui mergulhos no mar, léguas liquefeitas num prazer sofisticado, alegre, contente e extasiado, cheira a maresia, protetor solar, sabe à nossa comida preferida, queremos usá-lo como um vestido leve e ser astronautas em Terra. É uma vela a içar-se, um barco a partir e abraços carnais cheios de risos. É um azul que se dilui em exultação muscular, em elixir existencial, em turbina, em altifalante de criaturas feéricas e urbaníssimas, o sol a estalar, como pão quente, a apascentar a sua bênção nas paredes das casas. É eletricidade lunar. É uma manhã interminável, um dia com a justa isenção das horas. Justa como o exato virtuosismo de Silva. É a dança infrene da espuma das ondas e os gritos das gaivotas. É o corpo reunido ao sonho e elevado ao prazer num marulhar beatífico de extra ultra luxuosa e sugestiva impressão. É uma felicidade.
 
Proibido perder isto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo

Tamborim Zim disse...

Muito gratinha mas... lindo e este disco!!