sábado, 30 de abril de 2016

Deixa-me, Leminski

Deixa-me, Leminski, por Deus! É sábado, e so what? A water de beber continua a cair das pedras, encanada, represada, e ainda por cima tenho de comprar garrafões da cuja. So what the foca? As flores não precisam de nenhuma desculpa para fenecer, mesmo no sábado, elas assim definham, entediadas, só precisam de um golpe olhado de desejo de alguém que as saque ainda jovens, que as fustigue na velhice, num vento, no ócio de um gesto manso.
 
O quisto do cachorrinho do lado incomoda-me. Queria salva-lo, que importa ser sábado? Outros portões da mente são abertos neste dia com castas finalidades de arejamento e acabamos neste genocídio de intenções?
 
Sou um genocídio de intenções. Também isto, camaradas, não servirá para meu epitáfio. Aliás, só quererei um epitáfio se me decidir pelo funeral egípcio imperial.
 
Sábado, so what, Sunday, e daí, Segunda, so what, Tuesday, e daí, Quarta, so what, Thursday, e daí, Sexta, so what, eu, so what. Desde 1976 a robustecer e estupidificar nas mais sofisticadas pipas de madeira da Floresta Negra. Foca the world.
 
Preciso muito de ti, Ginsberg, desde há muito. Nunca podemos separar-nos mais que uns meses. Acho que és o poeta de quem mais preciso no mundo e de todos os tempos. Quero ir para o teu colo, e sentar-me no lado esquerdo da tua cabeça, e intuir contigo o reclinar da flor. És um bruto e eu amo-te, caridosa alma amiga.
 
Sábado, podias implodir-te já e trazer aquele tempo sem fim, aquele tempo sem fim que mataria qualquer tédio.
 
And now...what?

Sem comentários: