domingo, 11 de dezembro de 2011

...Assim não vale!

Se uma desconhecida vos disser que tinha três coisinhas para fazer no fim-de-semana e que não fez nenhuma, isto é...

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço, cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos
Retirado deste blog .

E agora é ter paciência para tudo durante a semana.
(Que, pensando bem, é quando se deve cuidar do trabalho.) 

2 comentários:

Pagu disse...

Tirando a parte do cansaço, salva-se a tua preguiça de fim de semana pelo poema que aqui deixaste.

Só Pessoa para dizer tanto sem se dar por achado.

E a mim, sendo que o cansaço é coisa que não me assiste, desafia-me o querer tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser...

Tamborim Zim disse...

Sim, esta jóia é rara, e n sei pq ocorre-me tantas vezes....rsrrss

Brinde a esse gigantesco almejar, q te cai tão bem!