quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sírius






Sírius, amigo amado
 
As palavras fraquejam sempre quando mais seriam precisas. Como as ações, tantas vezes. Talvez demasiadas vezes contrastemos a importância de palavra e ação. Mas esta mensagem não é sobre isso, pelo menos na sua essência.
 
Hoje tenho a certeza que recebi uma das piores notícias da minha vida. Deixou-nos o Sírius, o cão amigo, amado, fiel companheiro do meu irmão e da minha cunhada, e também nosso amigo, amado e companheiro, nós que somos também, ou éramos, a sua família. O Sírius já tinha Leishmaniose canina quando foi adotado, e disseram aos seus futuros companheiros que tanto poderia viver por mais um mês, ou um ano, indeterminadamente. Viveu cinco. Cinco anos felizes com espaço, amigos, família, mudança de casa para o esplendoroso Gerês, onde foi mimado e cercado de atenções por fãs de todo o mundo.
 
Ele bem mereceu o que teve nesse período da sua vida, porque deu muito mais. O Sírius foi o cão que mais gostei na vida, e era um dos três animais que eu mais gostava, com a minha Paloma e a sobrinha Sombra, duas gatas marotas e que me desmancham de paixão. Como o Sírius, exatamente, fazia. Haviam-me contado da sua personalidade única, de uma afabilidade e disciplina perfeitas, de um sacrifício altruísta e comovente para agradar, em detrimento do seu próprio conforto. Dos seus abraços com a sua carinha encostada a nós, da força desse afeto físico que abundava nos olhos e em cada milímetro do seu ser, da alegria com que nos presenteava no encontro.
 
Quando o conheci, há cerca de dois anos e cinco meses (parece que foi toda a vida, como tudo é tão estranho!), confirmei e ampliei tudo isso na minha relação com ele. No dia em que o conheci, deitei-me logo com ele no chão, e desde aí somaram-se os mil abraços e beijinhos, foi amor e paixão ao primeiríssimo olhar, porque ele tinha a bondade, o talento, o carisma e a natural disposição de um Príncipe para se fazer amar e admirar. Nunca um animal mais gentil, mais paciente, mais gracioso, mais incansavelmente defensor dos mais fracos, fossem animais ou humanos. O Sírius estava sempre junto a quem pudesse precisar da sua presença imperial e dócil, do seu porte impressionante e da sua passada leve e fiel, do seu olhar a derramar oceanos de ternura e de mensagens indizíveis e maravilhosas.
 
És a mais brilhante das estrelas, Sírius, como a que leva o teu nome. Eu sei bem que, se pudesses, arrastarias este mundo e o outro para ressuscitar e voltar para os nossos braços, para a tua casa, para os teus passeios e para pedires guloseimas a este mundo e o outro também, para nos protegeres de tudo. Sei que moverias montanhas com a tua força e com o teu poder, com a tua serena graça, com a tua lealdade sem defeito.
 
Gostava de te ter podido dar o meu abraço nas tuas piores horas, Sírius. Gostava de te dar eternidades aqui. Amaria ter passado mais tempo contigo, e só posso agradecer-te, meu amor, toda a tua perfeição e a tua grandeza. Quisera um dia ser recordada com um mínimo do que tu serás, sempre, por nós. Amo-te muito, e para sempre.
 
 


Sem comentários: