domingo, 6 de março de 2016

Talho


O céu azul e a vida corta sempre mais. A diz-se que prostituta assassinada, tudo é mais próximo em Guimarães. Um dia de sol, as rosas exultam, ou outras, decotadas. E essa, a vida, corta-me sempre mais. Na tábua, na mesa de operações, no dia aberto; um dedo, a artéria, um mamilo, a ponta da língua. Um corte, gigante, uma cirurgia plástica ao contrário. O dissemelhante, o fosso, a aresta, o mundo tolo e ordinário a queimar-me. Viva.
 
O dissemelhante não precisaria de matar. Em vida.
 
De matar. Em vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

sim, "corta sempre mais" e quando o dizes eu encosto-me a um tronco, a ouvir-te como se falasses de estrelas, viva
vivas

escreves tão maravilhosamente,
M.

Tamborim Zim disse...

Ohhhhhh Amo q penses isso, grata mesmo muito, dal cuore! Poetona.