sábado, 8 de outubro de 2011

Bosquejo


Virginia Woolf

Solta-se, dentre a tralha e o bafio do baú, uma fotografia esmaecida. A preto e branco, a sépia? (Sépia é tão déjà lu...Ou por outra, que sei eu?)

Mas de qualquer forma ela escrevia. Vivia de germinações de enredos e  pólens de romances engendrados na noite preta. Escrevia em folhas, gastava velas, varava os sóis e passeava muito, onde as acácias se inclinam mansamente para o beija-mão do fim de tarde. Empalidecia, escrevia a própria palidez nas folhas amarelecidas, escrevia como se esquecesse imediatamente o vocábulo anterior, como quem inventasse a linguagem do tempo em cada movimento da caneta, do lápis, da polpa dos dedos apenas. Escrevia a andar, a sonhar, moldava romances sonâmbulos, emulava o trinar dos pássaros. Escrevia como os cães que ladram, pensativos, nas masmorras da sua noite só.

Envelhecia em milhões de páginas com a sua letra torta. Folhas encapeladas em tecto, chão, sacada. Nelas a sensaboria, a desolação, o despertar e a felicidade.

Escrevia como quem navega à porfia ou como quem, simplesmente, arde.

O baú é um computador futurista dentro da minha cabeça.

2 comentários:

Pagu disse...

É pá, essa do computador futurista foi de mestre. Voto em ti, ó bauzinho de ideias....srrsrsrs

Tamborim Zim disse...

Bemmmmm, obrigada pelo voto, mas a bela da Autárquica n é já já...Porém, porém...q comece a recolha das assinaturas, vá, ide! Alegoria da Primaverve em peso (eu+eu+eu+eu+a minha tolice) responderá sem medos. Grrrrrrrrrrr