quinta-feira, 4 de abril de 2013

De lascar

Ai, como dizia o Poeta, o prazer " de não cumprir um dever"!... Ultimamente tenho acordado a pensar que, se um dia tiver a grata surpresa de ganhar um opíparo Euromilhões, não me levanto antes da uma da tarde. Qual Linda Evangelista e os seus milhares reclamados para se levantar de manhã. Pensando bem, também seria o diacho, fiquemos pela hipérbole da coisa.
 
Mas como evitar o pensamento de que há tanta coisa enfadonha, e tanto sono, e cansaço, e de que as pessoas nos maçam aflitivamente - não todas, valha-nos isso, e nem todas ao mesmo tempo.
 
Depois, certamente, temos os nossos espaços acolhedoro-redentores, seja a casa, sejam companhias, gostos, pequenos prazeres... E os dias correm e amiúde nem medimos (e será possível fazê-lo?) a importância desses lapsos salvíficos de tédios, canseiras e desapontamentos. Porque, leitores argutos, não se trata só do spleen do quotidiano, do bocejo perante o expectável, da monotonia das nossas ruas e do desfecho muito idêntico dos nossos dias. Passa-se que esta grande bola cósmica caminha, ou rebola, ou empanca, desabaladamente, ou estupidamente, em processos de tanto escândalo, de tamanho mau gosto e de tão destrambelhada maldade e injustiça, que a incansável chibatadora que reside dentro de mim não teria mãos a medir. Aliás, como costumo dizer, mandasse eu alguma coisa e teria uma bala na cabeça em duas horas: atentado por atentado (meu) ao despudor.
 
Leiam e vejam bem: isto é o aborrecimento de uma Diva, uma parcela de desolação existencial de uma daminha que, não obstante a sua própria dimensão mimosa, tem uma fera enjaulada e injuriada dentro de si.
 
E que bichanos vos habitam?

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