segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Vá de autocarro o escambau!

- Vem, vem, Zinzinha!
- Nãooooooooooooo!!!...
 
 
Diletos, estou aqui que não me aguento. Eu bem sei que sou uma pessoa porcelânica, frágil, um ente etéreo que se defende mal das agruras da urbe. Mas ou é da idade, ou é a dita urbe que está a ficar pior, ou pior para mim na medida da minha tolerância quase zero.
 
Que caudal lamuriento vem a ser este, querida Diva?, podem perguntar. Narro então, na economia gentil da síntese, o motivo do meu desgosto. Hoje fui assistir, labor l'oblige, a uma interessante conferência ali para os lados do Lumiar. Felicito-me agora extremamente por ter optado por ir de taxi de manhã, uma vez que lá deveria chegar um pouco antes das nove horas e, não tendo passe e não dominando o local, seria o mais avisado. O pior foi o regresso. Dez horas depois da chegada, resolvo apanhar o autocarro para poupar os custos do labor com a deslocação. Pergunto a uma solícita senhora pelos "buses" e lá me enfio dentro de um, aguardando, reparem, a estação terminal, onde teria de sair. Já estava com as costas moídas por estar todo o dia sentada na mesma posição, e a banquinha do autocarro só conseguiu deixar-me ainda mais desconfortável. E rodava, rodava, rodava... Sentia-me azamboada, com aquela má onda que as luzes, as curvas e o abanicar destes mostrengos tão facilmente provocam a almas assim sensíveis. Hum... qual azamboada! Nauseada, era o termo. E arranca, e prossegue, e eu inundada pela minha disposição mortiça.
 
Saio finalmente na última estação, de onde cheguei meio enviezadamente (com a ajudinha dos saltos de sete centímetros, para mim uns Empire State Buildings do mundo do calçado) até ao metro. Foi chegar à plataforma e partir um. Sem desesperar, esperei pelo próximo e escolho sentar-me, apalermadamente, no lugar dos "palermas", ou seja, naqueles bancos laterais que às vezes prefiro porque há um certo espaço não obstante alguma excessiva intimidade de anquinha com anquinha. Seja. Tentava ordeiramente chegar ao lugar escolhido quando um piolhinho com a sua mãezinha, industriado pela progenitora a salvaguardar os dois lugares, corre para o sítio que eu escolhera. Fingi um sorriso compreensivo e acabei por me sentar no detestável lugar do meio de outro conjunto de banquinhos laterais - onde até acabei ter um espaço confortável. Quero dizer...confortável não é a palavra. Se já estava enjoada, ir novamente até uma estação terminal e desta feita "de banda" foi realmente a opção indicada. Olhava para a minha cara refletida no vidro da janela em frente e dir-se-ia que encolhera, ou mesmo acachapara. Estaria com os olhos mais fechados por causa do esgar de indisposição que me toldava por inteiro?
 
Depois foi só andar mais vinte minutos até ao supermercado, e por fim aterrei em casa, acreditem se quiserem, sem ser de gatas.
 
Ai como é maravilhoso poder ir e vir todos os dias a pé para o trabalho. Graças, graças, salve. Tenho de valorizar sempre essa benção, quando estas experiências de horror sucedem.
 
Conclusão sobre as campanhas "ide de bus que é muito bom e fresquinho e verde": o escambau!

2 comentários:

Tétisq disse...

Compreendo! Os de Coimbra nem são dos piores mas acho que só com um grande investimento na melhoria dos serviços e redução dos preços o autocarro se tornará uma alternativa para a maioria das pessoas e aí sim contribuir para a redução da emissão de gazes,função que só quando for usado em grande escala cumprirá...

Tamborim Zim disse...

Concordo! Oh... ainda estou abalada :-))