Regozijei com o encontro de faixas esquecidas a ganhar pó
Em velhos discos
Mudei a cor do cabelo, organizei o calendário
Para as próximas três décadas
Da minha vida
Mas não fiz o que mais importava
Em velhos discos
Mudei a cor do cabelo, organizei o calendário
Para as próximas três décadas
Da minha vida
Mas não fiz o que mais importava
Hoje aprendi a arte difícil da sensatez,
Da discrição e da paciência
Bordei pensamentos ternos e tenazes
Em fios de cobre
Não quis saber das articulações e entretive-me
A pular entre nuvens
Mas não fiz o que mais importava
Em fios de cobre
Não quis saber das articulações e entretive-me
A pular entre nuvens
Mas não fiz o que mais importava
Hoje vesti, com mil rubores vaidosos
Um vestidinho florido que me fez frio
Sorri, ignorei
Porque me espelhava pela casa silenciosa
Como uma Primavera
Recusei a rima fácil com o sublime nome da estação que eu era
Mas não fiz o que mais importava
Um vestidinho florido que me fez frio
Sorri, ignorei
Porque me espelhava pela casa silenciosa
Como uma Primavera
Recusei a rima fácil com o sublime nome da estação que eu era
Mas não fiz o que mais importava
Hoje eu pensava-me impecavelmente preparada
Para a festa
Do princípio do mundo
Que é ser em alegria inusitada
Essa que a expectativa acalenta e embala
Nos alienados rigores do tédio
Mas não fiz o que mais importava
Para a festa
Do princípio do mundo
Que é ser em alegria inusitada
Essa que a expectativa acalenta e embala
Nos alienados rigores do tédio
Mas não fiz o que mais importava
Não, não fiz o que mais importava
Na minha pouca jornada
No esmaecer da espera
Não vi o que mais importara
Pela inércia fria dos meus dedos,
Precípite quebrou-se uma pobre quimera
Perdi o curso do rio, errei a estrada
Não fiz o que mais importava
Não fiz o que mais importava
E agora vogo
No mar nado-vivo
De talvez nada
Seca sem queimar e deserdada
Daquilo que desde então
E desde sempre
Mais importava
Na minha pouca jornada
No esmaecer da espera
Não vi o que mais importara
Pela inércia fria dos meus dedos,
Precípite quebrou-se uma pobre quimera
Perdi o curso do rio, errei a estrada
Não fiz o que mais importava
Não fiz o que mais importava
E agora vogo
No mar nado-vivo
De talvez nada
Seca sem queimar e deserdada
Daquilo que desde então
E desde sempre
Mais importava
3 comentários:
fiz o que mais importava e li este belo poema.
Tanto obrigada! Como canta o Milton, "Amigo é coisa se guardar no lado esquerdo do peito" :)
Tanto "desobrigada"! :)
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